Para saber como as transportadoras estão se preparando para as futuras mudanças com o Euro 5 e o Proconve 7, e os reflexos dessa movimentação no mercado de caminhões, o Portal Brasil Caminhoneiro entrevistou Neuto Gonçalves Reis (na foto acima), assessor técnico da NTC&Logística. Confira:
Os empresários do setor de transporte estão antecipando compras para fugir do aumento dos preços em função da nova tecnologia no motor no ano que vem?
Sem dúvida, já se constata um bom aumento de vendas de caminhões este ano, especialmente nos últimos meses. Segundo dados da Anfavea (entidade que agrega os fabricantes de veículos), de janeiro a agosto de 2011 foram licenciados 114.018 caminhões, 15,26% a mais do que no mesmo período do 2010 (98.920) e 79,92% maiores do que as de 2009 (63.373 unidades).
Este aumento não pode ser totalmente atribuído ao crescimento econômico, pois a economia vem sofrendo grande desaceleração. Fechou 2010 com crescimento de 7,5%, mas a expectativa de crescimento para 2011, segundo a última Pesquisa Focus, não passa de 3.8%.
O PIB cresceu apenas 3,6% no primeiro semestre, devido ao fraco desempenho da agropecuária (1,4%) e da indústria (2,6%). O setor que mais cresceu foi o de serviços (3,8%), que usa pouco transporte.
O Índice de Desempenho do Transporte Rodoviário (IDET) da FIPE/CNT mostra que a tonelagem total transportada cresceu 4,46% no período de janeiro a julho de 2011 em relação a igual período do 2010.
Deduz-se que uma parte do aumento da demanda por caminhões pode ser creditada à antecipação de compras, para fugir do aumento de preços e do aumento de custos operacionais trazidos pela Euro 5.
Segundo as montadoras, o aumento dos preços pode variar de 8% a 15%, sendo maior para os veículos mais leves. Como o preço do caminhão influi decisivamente em mais da metade dos custos operacionais, os caminhões novos arcarão com inevitável aumento de custos. Isso sem falar no preço do S-50, que ainda é uma incógnita. É o preço a pagar pela redução das emissões, especialmente do NOx dos óxidos de enxofre.
Pode-se prever, portanto, ligeira redução nas vendas de caminhões em 2012, especialmente, no primeiro semestre.
Segundo uma fonte do nosso Portal, os novos motores Euro 5 poderão andar normalmente com diesel S-500, apenas emitindo o que os caminhões com motores Euro 3 emitem de poluentes. O senhor acredita que os empresários do setor estão dispostos a pagar mais caro pelo combustível S-50 se com o S-500 o caminhão vai render a mesma coisa?
Não somos especialistas no assunto, mas, até onde sabemos, em caso de emergência, pode-se usar o S-500 (nunca o S-1800). Mas isso não poderá ser feito de maneira permanente, sob pena de se prejudicar o motor. Mesmo com o S-50 mais caro, não creio que os transportadores, especialmente aqueles mais conscientes, estejam dispostos a correr esse risco.
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