No Dia Internacional da Mulher, conheça um pouco da história da caminhoneira Ana Maria

Desde a infância, o amor por caminhões faz parte da vida de Ana (Foto: Arquivo Pessoal)

“Eu esperei 20 anos para realizar esse sonho!” O brilho nos olhos de Ana Maria da Silva, 40, de Nova Iguaçu (RJ), é digno de quem ama a profissão. Ou como os profissionais do transporte gostam de falar, “é puro diesel nas veias”.

De onde vem essa paixão?

Desde a infância, o amor por caminhões faz parte da vida de Ana. Mas antes de encarar os pesados, a caminhoneira enfrentou uma longa estrada: cabeleireira, motorista de van e ônibus.

E antes de encarar o próprio sonho, Ana ensinou o irmão, Alex Gomes dos Santos, a dirigir. Inclusive, o irmão começou primeiro a pilotar os pesados. Enquanto isso, Ana se dividia entre dirigir ônibus e cuidar de seus maiores apoiadores e fontes de orgulho, os filhos Ana Clara, Bruno Gabriel e Maria Fernanda.

Depois de muitos “não’s”, Ana Maria chegou ao gerente da atual empresa, a Coutran, e pediu uma oportunidade

“Comecei no transporte por meio de um amigo de infância que tinha dois caminhões agregados a uma empresa. Fiquei durante dois anos nesse trabalho até que fiz amizade com outros chefes de transportadoras e consegui o meu primeiro emprego como motorista de truck profissional”, conta.

Depois de muitos “não’s”, Ana Maria chegou ao gerente da atual empresa, a Coutran, e pediu uma oportunidade. “O primeiro caminhão que eu peguei foi um Vw azul, 13170, trucado. Olhei para ele e disse ‘vamos lá’: fui e bateram palmas. Depois, eu fiz outro teste no 24280 4×4. Eu nunca tinha pegado um modelo desse. Me explicaram como era, eu fui, não quebrei caixa nenhuma e tô aí, firme e forte”, declara orgulhosa.

“Puxa da gasosa e da vitamina de formiga”

Ana Maria puxa doces e refrigerantes para Lojas Americanas de todo o Brasil. Ana completa um ano de empresa no dia 21 de março de 2018 e é a primeira mulher caminhoneira contratada pela empresa.

“A empresa em que trabalho tem 18 anos e nunca contratou uma mulher. Eles ficaram surpresos comigo. Hoje tenho o carinho e a confiança de todos.”

Vida no trecho

“Na estrada nós somos os próprios mecânicos. Essa profissão é pra quem gosta e tem o sonho de ser caminhoneira. A gente sofre muito com as estradas ruins. Você quebra e não tem socorro. Você tem que se virar com alguém te dando indicações de onde você deve mexer pelo telefone”, diz Ana.

Motociclista e ambientalista

A paixão pelos pesados é dividida com as motocicletas

A paixão pelos pesados é dividida com as motocicletas. Desde 2013, Ana Maria faz parte do grupo UBEM (União Brasil Ecologista e Motociclista), uma família de apaixonados por esse estilo de vida que a motocicleta oferece. “O motociclista viaja direitinho, tem sua moto em dia, anda adaptado, conhece lugares e faz novas amizades”, declara orgulhosa.

Juntos, os motociclistas compartilham momentos marcantes, como a viagem para Rio das Flores (RJ), em que Ana Maria auxiliou por todo o percurso quatro “PPS”. Esses são os conhecidos “Prósperos Motociclistas”, que são novas pessoas que desejam entrar no grupo e passam por uma viagem para conhecer a rotina. Todos foram aprovados.

Ana Maria, junto com o grupo de motociclistas, participa de projetos sociais

Os motociclistas ambientalistas dão toda importância ao meio ambiente e projetos sociais. “Limpamos cachoeiras, recolhemos óleos de cozinha usados e trocamos por detergentes em uma fábrica da região”, declara.

Ana Maria ainda participa juntamente com o grupo de ações em abrigos e no Dia das Crianças, em que caracteriza-se como palhaça. Ainda tem o projeto “Transformando latinhas em sorrisos”, em que os motociclistas catam latinhas durante todo o ano e as vendem para comprar cerca de cinco mil brinquedos para distribuírem para crianças no Natal.

São anos de luta, conquistas de sonhos e quebra de barreiras. Apesar das dificuldades, nada abala a garra, o sorriso e o brilho nos olhos de Ana Maria, uma eterna apaixonada e grata pela vida profissional, pelos amigos e pela vida! “As pessoas dentro do ônibus e dos veículos sorriem e batem palmas para mim. Eu fico muito feliz. Quando eu passo em pedágios, as meninas param para conversar comigo e isso é muito gratificante. Eu amo o que faço”, finaliza.

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