Após rompimento de barragens, Governador Valadares sofre com falta d’água

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Rodamos em Governador Valadares-MG e encontramos uma situação muito difícil. O município sofre com a falta d’água, reflexo do rompimento das duas barragens da Samarco em Mariana-MG. O Rio Doce, que era responsável pelo abastecimento de 300 mil habitantes de Governador Valadares foi totalmente poluído. Encontramos peixes mortos, cheiro forte de química e lama no lugar de água. A possibilidade de recuperação do rio ainda é uma incógnita.

Morador carrega fardo de água em Governador Valadares
Exército ajudou na distribuição de garrafas d’água

“São inúmeros prejuízos. Todo mundo está no mesmo nível de atendimento. Ricos, pobres, todos necessitam de água que foi cortada por causa da lama que chegou em grande volume”, diz a diretora do Sistema Único de Assistência Social, Carla França Custódio.

O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) foi movimentado de caminhões-pipa durante todo o fim de semana. Caminhoneiros estão trazendo água de cidades vizinhas e enchendo caixas d´água instaladas em vários pontos da cidade.

O estradeiro João Paulo Ferreira da Silva, de Pirapora de Bom Jesus-SP, leva água para hospitais e creches. “Pego água em Ipatinga, que fica a 120 quilômetros daqui. Faço duas viagens por dia. É bate e volta direto. Vim para ajudar a turma, estamos arrepiando aqui com a galera”, reitera.

Já o parceiro do trecho Maicon Jonatan fala sobre a rotina de trabalho. “Teve um caminhoneiro que foi saqueado. Chegou na comunidade, abriram e tomaram a água dele. O povo clama por água, mas infelizmente a gente não pode parar e entregar um por um. Temos que ir nos pontos específicos, encher as caixas e a população pega ali”, avisa.

Desde cedo, moradores enfrentam filas enormes para comprar tambores e galões de água. Na praça dos esportes, mais espera e busca por garrafas de água potável que são distribuídas por membros do Exército. A moradora Erica Fernandes comprou três tambores para encher de água. “A gente fica com medo, fico desesperada. Não sabemos quando vai voltar a água. Se não voltar, temos que correr, fugir de Valadares”, argumenta.

Restaurantes estão usando pratos e copos descartáveis. O comerciante Roberto Soares Cabral conta as dificuldades que tem enfrentado. “Nós estamos usando descartáveis, o que cria um custo maior. A gente busca água em fazendas, poços artesianos de amigos e faz o máximo de economia para minimizar os estragos. Vamos ver até onde vai isso”, finaliza.

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