Documento não contém uma tabela, mas uma proposta para o preço mínimo do frete
Lideranças dos caminhoneiros entregaram nesta quarta-feira (13) à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) uma proposta para o preço mínimo do frete.
O documento não contém uma tabela, mas condições para abrir as discussões com o setor produtivo, que ainda não fechou acordo com a categoria.
Entre as ideias apresentadas à agência estão a cobrança do frete de retorno (pago na volta de um caminhão que foi entregar uma carga) com valor mínimo e a inclusão nos cálculos dos custos com diesel e desgaste dos pneus. Com esses ajustes, a tabela em vigor teria uma redução de 3%, em média, nos preços.
Elaboração
O documento foi elaborado por representantes de vários sindicatos de autônomos, Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA).
Na terça-feira, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), já havia entregue outra proposta à ANTT. A assessoria de imprensa do órgão não deu detalhes sobre o documento, informando apenas que ele está sendo estudado pela diretoria.
“Não entregamos uma tabela pronta porque não temos competência para isso, mas uma proposta para sentar à mesa e começarmos a discutir. Essa peteca está agora nas mãos da ANTT”, disse Ariovaldo de Almeida Júnior, presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens (Sindicam-Ourinhos/SP).
Ele afirmou, no entanto, que os empresários do agronegócio estão intransigentes e “talvez” aceitem discutir o assunto só na sexta-feira. Júnior destacou que existe um leilão de frete no Brasil e que os valores pagos aos autônomos não cobrem nem o custo da viagem.
Ele lembrou que a necessidade de garantir a sobrevivência da categoria foi a principal motivação da greve. “Se o caminhão quebra, o caminhoneiro pára porque não consegue pagar o conserto”, destacou. O sindicalista rebate o argumento dos empresários de que a categoria quer embutir no preço mínimo do frete o lucro.
“Não queremos um tabelamento do frete, apenas um piso para o frete no Brasil”, destacou o sindicalista, acrescentando que a tabela, em vigor desde 30 de junho e que é contestada na Justiça por entidades representativas do setor do agronegócio considera os custos da atividade.
Sem negociação
Em nota conjunta divulgada ontem, entidades ligadas à comercialização de soja e milho, informaram que “não há negociação” e que o tabelamento de preços vai estimular as empresas a investirem em frota própria.
A Aprosoja, que representa os produtores de soja, disse, ainda, que ela e suas associadas entraram ontem com ação na justiça federal para suspender a tabela.
O Planalto atua nos bastidores para forçar uma negociação, considerada a melhor solução. Uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendendo a política de preços mínimos, como querem os empresários, pode acirrar os ânimos e estimular uma nova paralisação. A medida foi uma das principais promessas do governo para acabar com a greve dos caminhoneiros.
Com informações de O Globo