Com frete tabelado, alimentos ficam mais caros, dizem entidades do agronegócio

O documento afirma que todos que precisam negociar serviço de frete estão impedidos de negociar preços e as negociações para escoamento da safra 2018/2019 estão paradas

Com frete tabelado, alimentos ficam mais caros, dizem entidades do agronegócio (Foto: Shutterstock)

Cinco entidades ligadas ao agronegócio divulgaram um comunicado conjunto alertando o governo e a sociedade que se o tabelamento do frete for aprovado pelo Congresso, o consumidor vai pagar mais caro pelos alimentos.

O documento afirma que todos que precisam negociar serviço de frete estão impedidos de negociar preços e as negociações para escoamento da safra 2018/2019 estão paradas. No comunicado, as entidades lembram que o Brasil já teve experiências trágicas com controle de preços.

“Somos contra o tabelamento do frete. É preciso tornar público para as autoridades e para a sociedade os problemas que isso está causando. As negociações para a próxima safra estão paradas. Não é possível negociar o frete sem saber o que vai acontecer”, disse Sergio Mendes, diretor geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).

Entidades

Ao lado da Anec, assinaram o documento a Associação Nacional dos Usuários de Transporte de Carga (Anut), Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado do Mato Grosso (Aprosoja), Associação Brasileira das Indústrias de óleos Vegetais (Abiove) e pela Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (Acebra).

Juntas, as empresas que elas representam, são responsáveis por uma produção anual de 119 milhões de toneladas de soja, milho e farelo de soja (72 milhões de toneladas de soja, 30 milhões de toneladas de milho e 12 milhões de toneladas de farelo de soja).

O cálculo dessas empresas é que, com o tabelamento, haverá um custo extra de US$ 2,7 bilhões a mais no transporte dessas cargas. Por tonelada transportada, o aumento médio é de US$ 40. Segundo Mendes, da Anec, é impossível repassar esse aumento de custos de forma abrupta.

“Nossos produtos são negociados nas Bolsas de Valores. Portanto, qualquer custo extra não pode ser transferido de forma direta a alguém. As empresas não têm cacife para bancar esse custo adicional. Apesar dos volumes elevados de produtos negociados, nossas margens são pequenas. Assim, o tabelamento do frete vai deixar muitas empresas em situação falimentar”, diz Mendes, lembrando que só o governo teria cacife financeiro para intervir e regular custos dessa ordem.

O diretor da Anec observa que como não se sabe o que vai acontecer com o preço do frete o Brasil deixa até de ganhar com a guerra comercial entre EUA e China.

“Poderíamos importar soja dos EUA e exportar para China. Mas como não se sabe o que vai acontecer com o preço do frete isso não é factível”, diz Mendes.

Segundo o texto divulgado pelas cinco entidades, haverá reação em cadeia de aumento de preços desses produtos, além de uma redução na produção desses produtos em cidades distantes dos grandes centros.

“O fertilizante custará mais para o produtor. Grãos como soja e milho ficarão mais caros para o criador de frango e porco. Será mais custoso levar a carne até o supermercado. No final, essa conta será paga pelo consumidor”, afirma o texto.

Segundo o comunicado, outros produtos também ficarão mais caros, como gasolina e diesel, trazendo de volta a inflação. Além disso, dizem as associações, além dos empregos perdidos, também haverá impacto negativo nos investimentos.

“Ninguém quer investir com insegurança jurídica. Ninguém quer colocar num país onde a regra do jogo muda a todo momento. O país está ficando menos competitivo e deixando de ser destino de investidores”, afirmam as entidades no comunicado.

As entidades também criticam o governo, que segundo elas, “reincide no erro de conceder privilégios a grupos organizados com poder de lhe chantagear”.

Com informações da Época Negócios

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