Problemas para os veículos e para o meio ambiente são os principais reflexos da adulteração dos sistema de pós-tratamento SCR e do não uso do Arla 32.
Seja nas estradas ou nos sites de busca da internet, não é preciso rodar muito para encontrar formas de burlar os sistemas SCR (catalisador de redução seletiva) de pós-tratamento de gases de veículos Euro 5. Com o frete baixo, por vezes defasados, muitos transportadores adotaram o chip paraguaio como forma de economia. E o impacto do “gato” é comprovado pelo número de vendas do Arla 32, aditivo que diminui a emissão de poluentes em alguns veículos a diesel, no Brasil.
De acordo com dados da Afeevas (Associação dos Fabricantes de Equipamentos para Controle de Emissores Veiculares da América do Sul) há um déficit de 49% no uso de Arla 32. “As estimativas da Afeevas procuram levar em conta, da maneira mais próxima possível, tanto a quantidade de veículos equipados com sistema SCR (que usa o Arla 32) quanto a quantidade de combustível consumida por eles, seja através da estimativa do consumo da frota, onde a média dessa frota é cerca de 81% do total licenciado pela Anfavea de julho de 2012 a janeiro de 2016, seja através da quantidade de diesel S-50 e S-10 vendida pela Petrobras, da qual ela desconta cerca de 30% devidos ao consumo dos veículos que não possuem a tecnologia SCR”, explica o diretor-executivo da Afeevas, Elcio Farah.
Para ele, esse déficit decorre de fraudes praticadas “através da modificação dos sistemas dos veículos, e com uso de produtos não adequados, como Arla 32 feito caseiramente ou industrialmente de forma não correta, que não atende aos requisitos exigidos e nem tem certificação do Inmetro”.
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Quem opta pelas alternativas irregulares, acredita que está economizando dinheiro. Se, por exemplo, o Arla não é utilizado em um caminhão equipado com o SCR, há perda de potência. Isso porque a tecnologia atua para diminuir a quantidade de poluentes emitidos pelo veículo. Então, alguns motoristas tentam burlar o sistema, para manter o desempenho do caminhão, ou adicionam soluções não certificadas no lugar do aditivo correto.
Mas os prejuízos tendem a ser bem maiores e muitos usuários ainda desconhecem esses danos. Adulterar o sistema instalado gera perda da garantia do caminhão. Já o uso de produtos inadequados compromete o veículo. “Cristais desse produto se depositam no catalisador por onde os gases passam, e vão obstruindo até bloquear a entrada do catalisador. Quando o sistema fica inoperante, tem que ser totalmente substituído, o que custa de R$ 10 mil a R$ 20 mil”, explica Farah. Além disso, há danos significativos para o meio ambiente e para a saúde pública: de acordo com a Afeevas, o déficit de 49% representa uma emissão 4,5 vezes maior de óxidos de nitrogênio.
Além disso, se o Arla 32 for utilizado corretamente, o desempenho do veículo melhora, compensando a despesa com o aditivo. “Com essa otimização, você consegue diminuir em 7% o consumo do diesel, porque são veículos que têm mais potência e aproveitam melhor o combustível. Isso paga o uso do Arla e ainda tem um resultado melhor, mais eficiente”, esclarece Elcio Farah.