Crime ambiental, rodar com chip paraguaio pode dar multa de R$ 50 milhões

por Leandro Tavares,
de São Paulo (SP) para o Brasil Caminhoneiro.

A exceção está virando regra. Alertamos ainda em 2012, quando os caminhões com motorização Euro 5 chegaram ao mercado brasileiro, para os riscos de abastecer o tanque de Arla 32 dos veículos com compostos que não fossem indicados para os novos modelos. Essa prática, porém, logo ficou de lado. Já no ano passado, os chips paraguaios tomaram o mercado negro do setor e ganharam destaque na mídia. Um sistema com custo inicial barato, mas que pode sair mais caro do que abastecer o tanque periodicamente com o composto correto.

Com o frete baixo, por vezes defasados, muitos transportadores adotaram o chip paraguaio como forma de economia. Afinal de contas, o emulador custa cerca de R$ 1,6 mil na internet. Em poucas viagens o investimento já se paga. No entanto, o custo de manutenção já pode aparecer após alguns meses. “Dependendo do tipo de composto adulterado, os componentes podem não durar nem 30 dias, como quando o transportador usa uma ureia de fertilizante. E aí você precisa trocar todas as peças”, explica Elcio Luiz Farah, diretor executivo da Afeevas (Associação dos Fabricantes de Equipamentos para Controle de Emissões Veiculares da América do Sul).

“Se por ventura o transportador insistir em trabalhar com o caminhão sem o abastecimento correto, ele pode danificar os componente como catalisadores e sensores”, diz Antonio Gaspar, diretor do Sinderepa (Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos). Para casos de Arla adulterado há um custo é certo: um catalisador novo não sai por menos de R$ 20 mil.

Há, porém, um segundo caso, que é o uso de chips paraguaios. Aqui o “jeitinho” deixa de ser apenas algo imoral que pode prejudicar a garantia do veículo e vai até a esfera criminal. “Não é apenas uma infração de trânsito. É um crime ambiental”, afirma Paulo Henrique Demarchi, da Polícia Rodoviária Federal. A infração que pode ser fiscalizada pela Polícia Rodoviária Federal sem dificuldades e rende multas de R$ 5 mil até R$ 50 milhões.

Mas como um PRF pode fazer essa fiscalização? “O policial pode verificar se o tanque possui Arla 32. Se o tanque estiver cheio com o Arla adulterado, você não consegue perceber os casos de diferença pequena na pureza do composto. Mas se for um composto de baixa qualidade, é possível diferenciar a olho nu”, avalia Farah.

Para os casos do uso do chip paraguaio, mesmo com a dificuldade de encontrar o dispositivo instalado, é possível verificar sua existência pelo computador de bordo. “Caso o computador registre que o nível de Arla nunca abaixa, está constatada a fraude”, diz o diretor da Afeevas. “Estamos conversando com a Anfavea para termos uma padronização no setor para ajudar o trabalho de fiscalização da polícia”, conclui.

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