Exclusivo: Especialista da Bridgestone fala como o caminhoneiro pode rodar com segurança sobre pisos molhados

por Fábio Rogério
da Redação do Portal

Às vésperas do verão, as chuvas fortes começam a ficar mais freqüentes em todo o Brasil, deixando perigosamente molhado o asfalto de ruas, avenidas e estradas. Os automóveis são vítimas comuns da aquaplanagem, fenômeno que faz o veículo deslizar quando perde a tração ao passar sobre a água – o que, invariavelmente, causa um acidente de trânsito.

Caminhões não têm esse problema, mas os profissionais do volante precisam seguir algumas regras para não sofrerem com pisos encharcados pelas tempestades imprevisíveis da estação mais quente do ano. Em entrevista exclusiva ao Portal Brasil Caminhoneiro, José Carlos Quadrelli, gerente-geral de engenharia de vendas da Bridgestone (foto acima), oferece dicas importantes para os estradeiros. Confira:

Não existe aquaplanagem para caminhões?
O fenômeno de aquaplanagem não ocorre com veículos de carga pois a própria carga incidente sobre cada pneu faz com que o mesmo consiga cortar a lâmina de água nas velocidades normais em que esses veículos trafegam.

Qual a importância da pressão (calibragem) correta para os pneus de carga?
A correta manutenção da pressão é o fator mais importante para se garantir uma vida mais longa para qualquer pneu, não somente os de carga. Como exemplo, um pneu que roda com uma pressão 20% abaixo da recomendada para a carga transportada pode perder até 30% de sua vida útil. A sobrepressão, embora também não recomendada, é menos prejudicial. Um excesso de pressão de 20% diminuirá a vida útil em 7%.

Como deve ser a manutenção de um pneu de carga direcional e de tração?
Deve-se utilizar a pressão de acordo com a carga transportada, executar o alinhamento de direção, balanceamento e rodízio e tomar os cuidados para evitar impactos e roçamentos dos pneus em obstáculos e guias (ver 10 mandamentos para o uso inteligente do pneu de carga).

Quando se deve fazer o rodízio?
O rodízio deve ser feito conforme a necessidade, dependendo do aparecimento de desgastes irregulares nos pneus. Não existe um período ou quilometragem determinado para isso.

Qual a quilometragem que pneus dianteiros e traseiros de carga podem atingir?
A quilometragem depende de muitos fatores como carga, velocidade, condições do piso, clima, modo de condução, entre outros, não sendo possível citar valores.

Quais os riscos da prática de ressulcagem?
Os pneus de carga, na sua maioria, são ressulcáveis, mas para isso o procedimento deve ser feito por técnicos treinados e com o equipamento apropriado, sempre avaliando a condição de desgaste regular e inexistência de picotamentos e arrancamentos na rodagem. O risco é o de se perder a carcaça caso se atinja a cinta estabilizadora durante o procedimento.

Pisos molhados podem provocar o “L” da carreta? O que o motorista pode fazer para evitar esse problema?
Esse caso não ocorre devido à aquaplanagem, mas sim por conta de outros fatores como, por exemplo, a perda de aderência dos pneus da carreta devido ao travamento dos freios ou pelo fato dos pneus estarem muito desgastados. Para evitar isso, o sistema de freios deve estar em dia e os pneus não devem rodar além da profundidade mínima apontada pelos indicadores de desgaste nos sulcos (TWI, sigla em inglês de “Tread Wear Indicators”, ou indicadores de desgaste da banda de rodagem).

E, se mesmo com toda a precaução, o caminhoneiro perder a tração quando passar por um asfalto molhado?
Em qualquer caso de perda de aderência, deve-se procurar reduzir a velocidade sem pisar nos freios (soltando o acelerador e reduzindo as marchas) até conseguir recuperar a tração.

Foto: Divulgação

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