Fabricante chinesa quer seu espaço no mercado nacional de caminhões pesados

por Fábio Rogério
da Redação do Portal

Em entrevista ao Portal Brasil Caminhoneiro, o diretor de produto da Shacman, João Comelli, fala da qualidade dos caminhões da marca chinesa, comenta porque a empresa ainda pode ganhar muito espaço no mercado brasileiro e sinaliza quando ela terá uma fábrica própria em nosso País. Leia abaixo a primeira parte da entrevista:

Esta mesma pergunta já foi realizada para outras empresas “iniciantes” no Brasil, e também vale para a Shacman: O mercado brasileiro não está saturado para a vinda de mais fabricantes de caminhões?
Não. O mercado brasileiro não está saturado, pois ele é muito competitivo. Porém, ele precisa ser mais atraente para as empresas. Hoje, o fabricante pratica o preço que quiser. Nosso mercado está na mão de cinco empresas grandes, e só. E a gente já viu o sucesso da Sinotruk, que tem um caminhão que consegue ser competitivo. A Shacman não entrou no mercado na mesma época que a Sinotruk porque decidiu aguardar o desenvolvimento dos motores P7. E agora vamos entrar com um caminhão competitivo em preço e em powertrain. E isso vai acontecer mesmo com esse “pênalti” do IPI da (presidenta) Dilma.

Como é o caminhão da Shacman? Quais são os fornecedores da empresa?
Nossos eixos têm a tecnologia MAN, e são fabricados na China, com opção de redução nos cubos. A transmissão é sincronizada, com opções de 12 marchas para os caminhões com potência de 385 cavalos, e de 16 marchas para os modelos de 420 e de 440 cavalos. Neste semestre, não vamos trabalhar com o 440, porque acabamos de homologar o 420. Mas até o primeiro trimestre de 2012 vamos trazer ao Brasil o 440.

João Comelli, diretor de produto da Shacman

A fabricante atua também em outros países sul-americanos? Qual a posição de mercado no país de origem da empresa?
Já atuamos no Chile, Peru, Bolívia, Venezuela, Equador e Colômbia. E no país de origem, China, estamos em segundo lugar no mercado.

Qual foi o impacto na empresa com o aumento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)?
Na verdade, o IPI prejudica muito mais o consumidor. E o meu caminhão é tão competitivo quanto os demais que já estão no Brasil. Eu não tenho medo nenhum de competir com Scania, Mercedes, Volvo e Volkswagen. Powertrain por powertrain, caminhão por caminhão, temos potencial para entrar no mercado. A única coisa que nossa empresa perdeu com o IPI foi a competitividade financeira. Mas para contornar isso, vamos reduzir margens de lucro. É claro que não conseguiremos assimilar todo o imposto, afinal fazemos negócios para lucrar. Mas ainda assim conseguiremos ser competitivos.

A Shacman já tem caminhões vendidos no Brasil?
Vendidos formalmente, não. Mas já temos vendas “apalavradas”, de pessoas que já conhecem o produto fora do Brasil.

Quando a Shacman terá sua fábrica no Brasil?
A medida do IPI deve durar até o final do ano que vem, e já existe uma manifestação do Governo Federal de favorecer as empresas que investirem no Brasil. Pretendemos começar a estruturar a nossa fábrica no primeiro semestre de 2012. Já temos fornecedores no Brasil e estamos rumo a uma nacionalização de 65% do nosso produto. Já utilizamos radiadores Behr, sistemas de válvulas pneumáticas da Wabco, motores da Cummins e embreagens da BorgWarner, todas empresas que possuem unidades no Brasil. Ainda estamos fazendo o projeto da fábrica, para ver o quanto precisamos de terreno e área, e depois estudaremos os incentivos dos Estados. No Brasil existe uma guerra de incentivos fiscais, e claro, iremos para o local onde os incentivos sejam melhores.

Quer ler a segunda parte desta entrevista? Clique aqui.

Fotos: Divulgação Shacman

- Publicidade -