Mercedes-Benz aposta no crescimento do mercado

Em entrevista exclusiva para o Portal Brasil Caminhoneiro, Gilson Mansur, diretor de vendas para mercado interno da Mercedes-Benz, não acredita em retração de vendas no ano que vem em função de um aumento no preço final dos caminhões por causa do Proconve 7. “Teremos, isto sim, uma adequação, mas o mercado vai continuar crescendo”.

Por Mauro Cassane

Como o senhor enxerga as perspectivas da Mercedes-Benz no mercado nacional para este ano?
O mercado brasileiro está bem aquecido. As perspectivas são as mais positivas para a Mercedes-Benz. Acreditamos que o mercado total vá crescer 5% neste ano e vamos garantir a manutenção de nossa participação de 27% no mercado nacional, a mesma que fechamos no ano passado. Isto é muito positivo, posto que novos competidores já estão atuando em nosso mercado.

Muitos analistas do setor previram uma grande movimentação neste segundo semestre para compra de caminhões novos devido  à  antecipação de compras, por conta da nova legislação ambiental, que vai elevar os preços dos caminhões no ano que vem.  A Mercedes-Benz já está sentindo este movimento ou as vendas continuam absolutamente dentro da média esperada para este período?
Há, sem dúvida, muitas consultas. Mais consultas do que, efetivamente, pedidos. Ainda há muitas dúvidas entre os empresários do setor sobre esta nova tecnologia no motor. Mas os pedidos antecipados, quando ocorrem, nem sempre são por conta de um possível aumento de preço, mas por conta de demanda mesmo. Temos muito setores aquecidos na economia brasileira. O setor canavieiro, por exemplo, é um que esperamos que antecipe compras pois sabemos que tradicionalmente os usineiros renovam e ampliam frota no começo do ano para escoar a safra. Pode ser que muitos destes empresários façam compras antecipadas, entre outubro e novembro deste ano, para ter caminhões Euro 3, mais em conta, no escoamento da safra. Mas não há nada fora do comum neste movimento.

Quais são os planos para o ano que vem? Com uma empresa full range, a Mercedes-Benz enxerga possibilidades de novos negócios com novos produtos em algum outro nicho de mercado?
Vamos apresentar muitas novidades para a Fenatran. Novos caminhões e novos produtos para atender a novos nichos. Estas novidades anteciparemos para a imprensa especializada em meados deste mês.

O senhor compartilha com a opinião de alguns analistas de que teremos uma grande retração no mercado de caminhões no ano que vem em função dos aumentos de preço por conta da nova motorização?
Dificilmente isto pode acontecer. Salvo se tivermos alguma novidade ruim no mercado mundial, algo muito improvável. Estas oscilações nas bolsas de valores ao redor do mundo não afetam o mercado, nem a safra, nem a atividade industrial. Entramos com o terceiro turno em nossa fábrica em São Bernardo do Campo, contratamos mais mil colaboradores, estamos produzindo a todo vapor, vamos fazer caminhões em nossa fábrica de Juíz de Fora, MG, no ano que vem. Estamos trabalhando com um mercado crescente.  Há demanda para isto. De forma alguma um reajuste de preço por conta de um avanço tecnológico no motor vai mudar este quadro. Teremos, isto sim, uma adequação natural. O que já é esperado, e que não foge à regra, é que teremos um primeiro trimestre mais fraco. Mas isso já acontece há anos no mercado brasileiro.

A chegada de caminhões chineses importados incomoda?
De forma alguma, na verdade, é até positivo. Já tivemos experiências semelhantes no passado. O mercado de caminhões no Brasil é muito peculiar. E nossa marca atua aqui há mais de 50 anos. Em muitas empresas ainda conta o valor da tradição, a confiança em uma marca que conhece muito bem o mercado nacional. Não é só um preço menor que fará a diferença, o empresário leva em conta todo pacote de serviços de pós-venda e, além de tudo, o preço de revenda é contabilizado. Há que se considerar que veículo importado não conta com Finame. O lado positivo é que há mercado para novos competidores, mesmo importados, o que prova que vender caminhões no Brasil seguramente é um bom negócio tanto agora como nos próximos anos.

O senhor acredita que caminhões automatizados serão predominantes no mix de produção da indústria nacional ainda nesta década?
100% de nossa produção de extrapesados já sai com câmbio automatizado. A tecnologia ficou mais barata e certamente será popularizada muito rapidamente. Os benefícios deste sistema são bem claros: economia de combustível, melhor rentabilidade e maior satisfação do motorista. Nesta década ainda vamos ver o câmbio automatizado ser utilizado, em larga escala, em caminhões semipesados e até mesmo nos leves.

Foto: Divulgação Mercedes-Benz

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