Presidente da DAF do Brasil diz que interessados em representar a marca têm que ter “diesel nas veias”

por Mauro Cassane
Editor do Portal

O mexicano Marco Antonio Davila, presidente da DAF, visitou, durante a Fenatran, o estande estúdio do Programa e Portal Brasil Caminhoneiro. Depois de uma entrevista exclusiva concedida ao jornalista Murilo Carvalho para o programa de TV e que também será exibida pelo canal de webtv do portal, Davila bateu um papo interessante com o editor do Portal, Mauro Cassane, que pincelou os principais trechos da conversa e reproduz abaixo, com exclusividade, para os internautas.

Por que o interesse agora pelo Brasil?
O País passa por seu melhor momento econômico, há uma demanda reprimida e uma evidente necessidade de renovação da frota de caminhões. A DAF é muito conservadora em seus investimentos em todo o mundo e entende que o Brasil está pronto para receber uma fábrica da empresa. Não entramos em um mercado como aventureiros de oportunidades, mas com visão de longuíssimo prazo.

Qual será a capacidade produtiva desta nova fábrica?
Na primeira fase em 2013 nossa capacidade será de 10 mil caminhões por ano. Mas vamos dimensionar nossa planta, bem como nossas máquinas e ferramentais para dobrarmos esta capacidade total em quatro anos.

O senhor acha possível uma marca nova crescer aceleradamente no País?
Tradicionalmente temos, em todos os mercados onde atuamos, mais de 10% de participação. Há mercados, em determinados segmentos, onde somos líderes, com mais de 30%. A Paccar é um grupo global que representa marcas de caminhões de alta confiabilidade em todo o mundo. Somos novos no País, mas temos expertise secular no negócio caminhões. Crescemos rapidamente, por exemplo, no mercado mexicano, que tem algumas similaridades com o brasileiro. Além disso, o mercado brasileiro de caminhões dá sinais inequívocos de que vai se expandir fortemente ainda nesta década. Por isso mesmo, oferecendo produtos de alta confiabilidade e um pós-venda de indiscutível qualidade, vamos crescer no mesmo ritmo do País e, certamente, obter mais que 10% deste mercado nos próximos três ou quatro anos.

Seus vendedores estão dizendo que a DAF terá uma rede com 100 revendas até o final de 2013. Se de fato ocorrer, será uma estruturação em tempo recorde de uma rede de concessionárias de marca na história do País. Isso é realmente possível?
A Paccar tomou a decisão de instalar uma fábrica da DAF no Brasil há dois anos. Foi uma decisão cuidadosa amparada por um profundo estudo de viabilidade do mercado nacional. Ao longo destes dois anos estamos em contado com governos, especialistas, estudiosos, empresários do setor e clientes de caminhões. Já temos, para vocês terem uma ideia, consultas de mais de 500 grupos empresariais interessados em representar a marca em todo o território nacional. Nossos especialistas em rede de revendas conversaram com quase todos, muitos outros ainda serão consultados. Apenas numa primeira triagem, chegamos a cerca de 200 grupos que teriam condições bem satisfatórias de abrir revendas no País ao longo de 2013. Por isso mesmo temos certeza que, assim que faturarmos nosso primeiro caminhão produzido em nossa planta brasileira, teremos uma rede composta por mais de 80 revendas da marca distribuídas por todo o território nacional. Nosso objetivo, contudo, é fecharmos 2013 com uma centena de revendas.

Quais são os parâmetros para aprovar um interessado em representar a marca DAF no Brasil?
Essencialmente buscamos investidores que tenham “diesel nas veias”. Precisamos de grupos capitalizados, bem estruturados, mas que já tenham, no DNA profissional, expertise no segmento de transporte rodoviário de carga. De nada adianta termos interessados apenas bem capitalizados e com poder para investir grandes somas neste negócio. Sabemos que não dá certo.

Há muitos transportadores interessados no negócio?
Sim, já recebemos diversas consultas de grandes empresas transportadoras. Mas, pessoalmente, não considero muito apropriado um transportador representar uma marca de caminhões. Há um natural conflito de interesses. As transportadoras competem entre si, o que é algo absolutamente normal em um mercado saudável capitalista. Não vejo um concorrente comprando caminhões e fazendo serviços em uma revenda que, sabidamente, pertence a uma empresa de transportes que compete com a sua. Claro que um transportador seria perfeito no negócio, pois ninguém tem mais “diesel nas veias” do que ele. Mas para representar a DAF ele teria que optar: ou ter a transportadora ou ser um de nossos revendedores.

Os chineses também estão chegando e alguns já anunciaram instalação de fábrica no País. Como a DAF vai encarar a concorrência feroz dos chineses?
Da mesma maneira como encaramos os competidores em todos os mercados do mundo onde atuamos: com respeito. Entendemos que o mercado brasileiro está muito profissional e o transportador atual faz contas e considera diversos importantes fatores antes de adquirir um ou mais caminhões. Preço baixo não é mais uma vantagem competitiva, hoje em dia é preciso oferecer produtos que atendam realmente as necessidades dos clientes e, fundamentalmente, serviços rápidos e de qualidade em toda a extensão do território nacional. O Brasil é um país de dimensões continentais, um país rodoviário, e não é tão simples, muito menos barato, prestar serviços aos caminhões nas mais diversas regiões. Vai se destacar no mercado quem oferecer o melhor produto aliado ao melhor pós-venda. E estamos preparando a DAF neste sentido.

Fotos: Divulgação DAF

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