Por Mauro Cassane
Editor do Portal
Cyro Buonavoglia é o presidente da Gristec, entidade que congrega as empresas de gerenciamento de riscos e de tecnologia de rastreamento e monitoramento. Nesta entrevista exclusiva ao Portal Brasil Caminhoneiro, Cyro tenta esclarecer polêmica envolvendo seguradoras, corretoras e gerenciadoras de riscos de que há uma lista com nomes de motoristas que são impedidos de levar cargas.
Já recebemos diversos e-mails nos alertando que entre as seguradoras há uma espécie de “lista negra” de caminhoneiros vítimas de roubo de carga. A alegação é que os profissionais listados são impedidos de trabalhar. O senhor poderia esclarecer melhor este assunto?
Não existe e nunca existiu “Lista Negra” de profissionais de transporte por parte das companhias seguradoras e nem por parte das gerenciadoras de riscos (GRs). O que existe há mais de 15 anos é uma avaliação do “perfil do profissional”, que, visando a segurança da carga e do próprio profissional, analisando vários fatores, pode recomendar ou não aquela viagem. As companhias seguradoras, a exemplo de qualquer outro tipo de negócio, são soberanas em comprar ou não o risco de cada viagem. Para isto, podem estabelecer condições mínimas de segurança, até para preservar a continuidade de sua carteira de transportes. Daí a afirmar que existe um “Lista Negra”, há uma distância enorme. As empresas de GR são contratadas para assegurar estas condições mínimas de segurança para o setor de transportes de carga. O trabalho das GRs consiste em analisar o perfil do profissional e ver se ele se adequa a tarefa que está se propondo a executar, bem como seu veículo. Nisto incluímos também informações do profissional, que são pesquisadas e confirmadas, e outros levantamentos de praxe, próprios de quem vai fazer uma contratação qualquer. Ao contrário, o Banco de Dados das GRs, são, na verdade, um Banco de Dados Positivo, valorizando cada profissional através de seu histórico de viagens.
O que um caminhoneiro deve fazer quando, por alguma razão, há restrições em seu nome para o carregamento de determinados tipos de carga?
As principais GRs tem um departamento especialmente aparelhado para estes casos. Basta entrar em contato com a GR e o profissional será atendido prontamente esclarecendo eventuais dúvidas e resolvendo o problema deste profissional. A menos que se trate de uma restrição muito forte que venha a limitar o tipo de carga que ele seria recomendado a transportar. Além disto, as principais GRs mantém junto ao SINDICAM – SP, uma Câmara de Conciliação que fica diariamente à disposição dos profissionais do transporte para encaminhar e resolver qualquer problema desta ordem. Vejam que as GRs atuam até dentro do próprio Sindicato dos Motoristas visando colaborar com o bom andamento desta questão.
Quais as principais dicas para o caminhoneiro estar sempre em ordem e qualificado para carregar qualquer tipo de carga?
Não existem “dicas”, os bons profissionais estão sempre qualificados a recomendados para qualquer viagem. Convém salientar que a grande maioria dos caminhoneiros não tem problema nenhum em serem recomendados para qualquer trabalho. A minoria que tem alguma restrição, deve se dirigir à GR ou ao SINDICAM-SP e com certeza terá os esclarecimentos necessários.
Pelo histórico da Gristec, quais os trechos de estrada com maior incidência de roubos de cargas do Brasil?
Esta resposta não pode ser precisa, em virtude da atuação das quadrilhas. Elas se deslocam sempre que os cuidados por parte das GRs passem a ser mais efetivos. Mas de um modo geral, podemos afirmar que as ocorrências são maiores nas regiões Centro Sul.
Quais cuidados devem ser tomados para, ao menos, minimizar os riscos de roubo de carga?
Vários são os cuidados que os caminhoneiros devem tomar, mas eu destacaria agora os horários de viagem, a escolha dos locais de parada para descanso e refeições, e principalmente a escolha do local de pernoite. Devem evitar locais com focos de prostituição e distribuição de drogas. São locais já “contaminados” e mal frequentados. E que mantenham sempre contato com as Centrais de Monitoramento das GRs que estão sempre prontas para auxiliar em caso de necessidade.
Após ser vítima de um roubo de carga quais os procedimentos que o caminhoneiro deve adotar para que nenhuma suspeita recaia sobre ele e para que ele possa continuar trabalhando normalmente?
Avisar a gerenciadora de riscos, avisar a empresa que o contratou e se dirigir a uma delegacia e relatar os fatos.
Quais as dicas para o transportador contratar serviços de terceiros com mais segurança?
A melhor dica é que consulte sua GR e verifique se este profissional está cadastrado e conta com um histórico que o recomende.
Como o poder público poderia agir para diminuir a incidência de roubos de carga rodoviária no Brasil?
Agindo fortemente sobre os receptadores, pois sem esta figura, os roubos diminuiriam drasticamente.
A Gristec tem algum estudo sobre a evolução de roubo de carga no Brasil? Nos últimos dez anos este índice vem diminuindo ou aumentando? Há como quantificarmos isso em volume, valor ou percentual ou das três maneiras?
Nossos estudos mostram que estamos conseguindo manter e até diminuir sensivelmente o número de eventos.
A Gristec tem algum estudo sobre roubo de carga rodoviária em outros países?
Ainda não nos aprofundamos neste assunto, mas sabemos que quase não existe na Europa, apenas um pouco no Leste Europeu e que começa e aumentar sensivelmente nos EUA. Existe quase que com a mesma intensidade no México. São as informações de que dispomos e não são oficiais.
