Rebite, exaustão e segurança: o uso de estimulantes expõe um risco silencioso nas estradas

Caminhoneiros e caminhoneiras que cruzam o Brasil sabem que a rotina da estrada vai muito além do volante. Nos bastidores do transporte rodoviário, existe um problema antigo que continua atual e preocupante: o uso de substâncias estimulantes, como o rebite, para suportar jornadas longas, prazos apertados e a pressão constante do dia a dia.

Os dados mais recentes sobre a realidade do caminhoneiro autônomo mostram que uma parcela significativa da categoria ainda recorre a esse tipo de substância para se manter acordada e produtiva. O rebite surge, muitas vezes, como uma resposta desesperada a um sistema que exige mais horas de trabalho do que o corpo consegue suportar.

Jornadas extensas e o empurrão para o risco

A ligação entre o uso de estimulantes e as condições de trabalho é direta. Muitos caminhoneiros passam mais de 14 horas por dia dirigindo, com poucos intervalos para um descanso adequado. A conta não fecha: o prazo aperta, o frete paga pouco, o caminhão precisa rodar, e o cansaço acaba sendo ignorado.

Nesse cenário, o rebite aparece como uma tentativa de driblar o sono e seguir viagem. O problema é que ele não elimina o cansaço real; apenas mascara os sinais do corpo, aumentando o risco de falhas de atenção, reflexos mais lentos e decisões perigosas ao volante.

Impactos diretos na saúde do caminhoneiro

O uso contínuo de estimulantes, somado à rotina exaustiva, cobra um preço alto. Problemas como pressão alta, ansiedade, insônia, alterações cardíacas e dependência química fazem parte da realidade de muitos profissionais da estrada.

Além disso, a falta de tempo para cuidar da saúde agrava o quadro. Check-ups são adiados, a alimentação é irregular, a atividade física praticamente inexiste, e o descanso acontece em locais improvisados. O resultado é um desgaste físico e mental que se acumula ao longo dos anos.

Um risco que vai além do motorista

O impacto desse cenário não afeta apenas quem está ao volante. O uso de estimulantes eleva o risco de acidentes graves nas rodovias, colocando em perigo outros motoristas, passageiros e comunidades que vivem ao longo das estradas.

Por isso, tratar o tema apenas como um problema individual é um erro. O uso de rebite é consequência de condições estruturais de trabalho, como jornadas excessivas, pressão por produtividade, falta de pontos de apoio adequados e remuneração insuficiente para permitir pausas seguras.

O debate que precisa avançar

Reduzir esse risco passa por discutir soluções reais: respeito aos limites de jornada, valorização do frete, mais áreas de descanso estruturadas, acesso à saúde preventiva e campanhas de conscientização que olhem para o caminhoneiro com humanidade, não apenas com fiscalização.

O transporte rodoviário depende de profissionais saudáveis, descansados e respeitados. Ignorar esse problema é colocar em risco não só a categoria, mas todo o sistema logístico do país.

À medida que o ano chega ao fim, fica o convite à reflexão. Cuidar de quem move o Brasil precisa ser prioridade o ano inteiro, não apenas quando os números assustam. O Brasil Caminhoneiro segue ao lado da categoria, abrindo espaço para debates necessários, levando informação e reforçando que nenhuma entrega vale mais do que a vida.

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