ANFIR aponta redução nos investimentos programados e desemprego no setor como causa da queda nas vendas de implementos

A venda de implementos rodoviários ao mercado interno no primeiro bimestre de 2012 registrou queda de 3,23% sobre o mesmo período de 2011. De janeiro a fevereiro foram comercializadas 25.712 unidades, ante 26.571 produtos do primeiro bimestre de 2011.

“Essa queda já era prevista e foi anunciada pela ANFIR ao longo de todo o segundo semestre do ano passado como efeito da redução do acesso ao crédito ocorrida em abril”, afirma Rafael Wolf Campos, presidente da ANFIR (Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários). Na ocasião a fatia financiável por intermédio do Finame (BNDES) caiu de 100% para 70%.

Em seguida a alteração na fatia financiável, a ANFIR registrou queda no ritmo de crescimento na indústria ao longo da segunda metade do ano. O percentual expresso é o acumulado do período em comparação ao do ano passado. Assim, enquanto no primeiro quadrimestre (janeiro a abril), o ritmo de crescimento indicava que as vendas do segmento Carroceria sobre chassi eram 27,95% superiores ao mesmo período de 2010. No segmento de Reboques e Semirreboques o percentual era 13,17%. Na estatística de outubro, o setor de Carroceria sobre chassi desaquecera cinco pontos percentuais (22,81%) e o de Reboques e Semirreboques baixara para 6,5%. A queda prosseguiu até o primeiro bimestre de 2012 como mostra o levantamento da ANFIR, com registro negativo nos dois setores.

O segmento que apresentou maior queda foi o Pesado (Reboque e semirreboque): menos 5,22%, o que significa que nos dois primeiros meses do ano a indústria produziu e entregou 7.376 unidades, contra 7.782 do mesmo período de 2011.

O recuo do segmento Leve, de janeiro a fevereiro desse ano, foi de 2,41%. Isso significa que no período a indústria vendeu 18.336 produtos ante 18.789 produzidos e comercializados no primeiro bimestre de 2011.

Para o presidente da ANFIR, a alteração na fatia financiável, ampliando o acesso, deve interromper a queda nos negócios no setor. “O acesso ao crédito é um fator muito importante no desenvolvimento do segmento de bens de capital e o governo precisa estar atento a essa realidade”, afirmou. “Sem alteração que dê suporte ao setor, os investimentos programados poderão não se realizar e até dispensa de funcionários poderá acontecer”, alerta Campos.

No entanto, qualquer alteração poderá ser sentida quase imediatamente pelo setor por ser uma atividade – produção de bens de capital – bastante ligada a venda com crédito oficial. “Por isso uma mudança positiva no acesso ao crédito não demorará a fazer efeito, podendo ser sentida já a partir do segundo trimestre reduzindo a velocidade de queda de vendas”, avalia Mario Rinaldi, diretor Executivo da ANFIR.

Diante do resultado do primeiro bimestre, a ANFIR estima duas situações possíveis para 2012. No cenário com a manutenção da fatia financiável pelo Finame em 70%, a entidade estima que poderá haver uma queda nas vendas do segmento Pesado de aproximadamente 5% com relação ao resultado de 2011. No mercado de produtos Leve a perspectiva da ANFIR é que possa haver queda de cerca de 1%. No mercado como um todo, o resultado seria de 2,1% negativo.

Na segunda hipótese, contando com o retorno para 100% da parcela financiável via Finame, a ANFIR estima que o segmento Pesado poderá apresentar crescimento em torno de 2% a 3%. O resultado seria a soma do efeito imediato do acesso ao crédito com a demanda reprimida no mercado por implementos rodoviários. No segmento Leve, o crescimento seria mais expressivo: aproximadamente entre 10% e 12%. Nesse cenário o mercado como um todo apresentaria resultado em torno de 9,06% positivo.

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