Câmbio automatizado: Tecnologia na medida das necessidades do transporte nacional

por Fábio Rogério
da Redação do Portal

Um executivo da indústria de caminhões relembra que, em meados de 2007, quando o câmbio automatizado surgiu como um opcional nos veículos pesados, a novidade foi recebida com descrédito. “O mercado achou que isso não ia pegar, que iria só encarecer, era uma sofisticação, uma bobagem”, recorda Guilherme Ebeling, diretor de Operações Veiculares da NC² do Brasil. Cinco anos depois, o panorama é outro: Praticamente todas as fabricantes oferecem opções automatizadas, e o sistema vem ganhando cada vez mais espaço na linha de produção e nas estradas brasileiras.

O crescimento econômico do Brasil veio junto com um problema: a também crescente demanda de motoristas qualificados. “Esses fatores aceleraram a demanda por câmbios automatizados. E os clientes passaram a enxergar que, apesar de pagarem mais caro, existe uma vantagem na ponta do lápis: o equipamento não melhora, mas uniformiza a performance entre os motoristas, pois ele força os condutores a trabalharem de modo econômico”, diz Ebeling, executivo que é engenheiro mecânico e tem experiência na aplicação de motores, transmissões e outros componentes em caminhões, ônibus, vans e picapes.

Para algumas fabricantes, o aumento de caminhões com câmbio automatizado é muito mais do que uma tendência, e sim uma realidade. Na Volvo do Brasil, pesados com esse opcional já respondem por 70% da produção nacional. No caso da filial sueca, os veículos são equipados com a caixa de câmbio eletrônica I-Shift, que funciona com a mesma dinâmica de um automatizado.

“Há regiões do Brasil onde quase 90% dos caminhões vendidos possuem a I-Shift. A preferência é forte no Sul. Na Região Nordeste, esses percentuais chegam a 60% das vendas, e apresentam uma perspectiva de subida muito forte. Acreditamos que, daqui a um ano e meio, 85% a 90% dos nossos caminhões vendidos em todo o Brasil terão o I-Shift”, prevê Alvaro Menoncin, gerente de Engenharia de Vendas de Caminhões da Volvo.

Apesar de reconhecer a força do produto, há quem não aposte no domínio total dos automatizados entre os “brutos” nacionais, principalmente em caminhões leves e médios. “A visão atual do cenário de países nos quais esta tecnologia já é bastante difundida indicam que prever a utilização 100% não é totalmente correto”, comenta Ronaldo Cândido, supervisor da Engenharia – Powertrain da MAN Latin America.

Pedro Soares, diretor técnico da Agrale, concorda, não acreditando em um domínio total do produto. Mas ressalta que o mercado tende para um uso maior dos câmbios automatizados, enquanto o câmbio automático, por exemplo, deverá continuar mais restrito a ônibus urbanos.

“Existe uma tendência da tecnologia (dos automatizados) evoluir para outros segmentos. Mas é preciso uma automação de sensores de roda. A partir de 2013, a obrigatoriedade dos freios ABS vai facilitar esse processo”, diz Eustaquio Sirolli, gerente de Marketing de Produto – Caminhões da Mercedes-Benz.

Cristiane Nunes, gerente de Marketing de Produto da Iveco, aposta no domínio dos automatizados. “Existe a expectativa, sim, com base na grande demanda pelos veículos. A tendência para o futuro é que o câmbio mecânico dê lugar ao câmbio automatizado, pois ele é coadjuvante na redução de consumo de combustível, traz maior conforto ao motorista, e acaba por ser o diferencial para o grande frotista”, fala Nunes.

A gerente de Marketing inclusive cita experiências próprias de mercado: “Há estudos que comprovam que o cliente que opta e faz sua primeira compra de veículo com o câmbio automatizado, em uma segunda oportunidade de aquisição dá preferência ao mesmo tipo de câmbio”.

Foto: Actros 4844 (Divulgação Mercedes-Benz)

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