Elas dirigem carros de passeio, motocicletas, bitrens e carretas. Os tempos são outros e a mulherada mostra a que veio ao assumir cargos que somente homens ocupavam. Conheça um pouco da história de caminhoneiras que movimentam as estradas do Brasil.
Antes de enfrentar os pesados na estrada, Cathia Medeiros trabalhou como feirante, costureira, aeromoça e motorista de ambulância.
A paixão por caminhões surgiu com o pai caminhoneiro, mas este esperava que a filha se tornasse dentista e seguisse uma profissão mais “tranquila”.
Aos 18 anos, Cathia tirou sua habilitação e aos 19 conseguiu um trabalho no Terminal de Cargas Fernão Dias. Até então, a jovem dirigia apenas uma Fiorino e somente aos 21 anos começou a dirigir caminhões e não parou mais.
“Eu tenho muito amor pela profissão, se não tiver amor, a pessoa não vai muito longe.”, declara. Atualmente, a motorista roda todo o país com a Caravana Siga Bem, a maior ação itinerante das estradas brasileiras.
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Também motorista da Caravana, Cássia Claro recorda que desde os cinco anos já era encantada pelos grandes caminhões. Devido às necessidades que sua família passava, aos 10 anos, a garota começou a costurar para ajudar em casa, sem nunca desistir do sonho de ser caminhoneira.
Aos 18 anos tirou sua carta, mas só aos 28 anos de idade, após ter seu filho, é que Cássia decidiu de uma vez por todas correr atrás de seu sonho. Sem experiência, encontrar alguma empresa que desse um voto de confiança era difícil, então, por dica de um amigo, Cássia optou por ser instrutora de autoescola. Após encarar o trabalho como instrutora, uma montadora recebeu o currículo de Cássia e a convidou para trabalhar como motorista de carros de passeio.
Com o tempo, a motorista passou a dirigir desde pequenos caminhões até carretas e bitrens. Com o fim do programa de teste, Cássia foi despedida e voltou ao trabalho de instrutora. Quatro meses de volta à antiga profissão, a caminhoneira recebeu o convite para a 8ª edição da Caravana Siga Bem, onde permanece ainda hoje. “Eu tenho satisfação em pegar minha carteira de trabalho e ver escrito motorista de carreta. É um sonho realizado!”, afirma.
As Solanges e os desafios
A profissão surgiu para Solange Emmendorfer por meio de um classificado de jornal. Na época, a empresa estava requisitando mulheres na categoria D, vaga que a deixou muito interessada. A motorista fez os testes e começou com caminhões de pequeno porte.
Ao entrar na área e ver homens dirigindo carretas, aquilo levou Solange a ter curiosidade pelos pesados. “Comecei a dirigir caminhões de pequeno porte. Na época eu nem sonhava em ser uma carreteira, mas depois de uns dois anos vendo caminhoneiros dirigindo as carretas, fiquei com vontade e me propus a passar para carreta”, afirma. Após quatro meses fazendo testes no pátio da empresa, foi aprovada e atualmente está há 13 anos dirigindo uma carreta.
Já a caminhoneira Solange Alves Souza, ou Solange Fênix, como é mais conhecida, entrou na carreira após uma separação dolorida. Balconista de padaria e com um baixo salário, Fênix viu na profissão uma oportunidade de melhorar suas condições. O próximo passo foi tirar sua CNH, se qualificar e conseguir o primeiro emprego na área.
O apelido e QRA Fênix, dado por amigas, vem da oportunidade de recomeço que encontrou na profissão. Transportadora de produtos químicos, a caminhoneira viaja por todo o Brasil e incentiva outras mulheres a seguirem na carreira. “Não tem coisa pior do que uma mulher ser dependente de marido. A mulher tem que ter atitude, ter seu próprio salário, se autodefinir como mulher e correr atrás, não tem que ficar esperando por ninguém”, acrescenta.