Objetivo principal dos caminhoneiros é o reajuste do frete, mas eles também também lutam por uma baixa no valor do combustível
A cidade de Tabuleiro do Norte (CE), conhecida como a ‘Capital dos Caminhoneiros’, vai parar. É o que afirma um dos organizadores da paralisação marcada para iniciar no dia 20 de maio, Alcivan Fernando, 38.
A atitude foi tomada em comum acordo pelos caminhoneiros do grupo União Faz a Força, que possui 12 lideranças. O movimento, que conta com cerca de 800 caminhoneiros de Tabuleiro do Norte, Fortaleza e Sobral, busca por meio da paralisação conquistar o reajuste do frete.
“Vamos reivindicar os reajustes de frete para os caminhoneiros que fazem a rota Nordeste – São Paulo. Então, a partir do dia 20, não iremos transportar mais. Essa é uma forma que encontramos para conseguir melhorias para a classe”, afirma Fernando.
Dia D
A decisão do grupo ao optar por uma paralisação e não pelo fechamento de rodovias é baseada em outras manifestações já realizadas. “Participamos de outros protestos em que os caminhoneiros partiram para o fechamento de pistas, mas vimos que não deu resultados, além de tirar o direito do cidadão de ir e vir. Então, baseados nesse histórico, o grupo União Faz a Força chegou à conclusão que o correto é parar os caminhões em nossas residências.”
Segundo Fernando, a paralisação serve para gerar impacto nas regiões em que os caminhoneiros transportam. “Como temos um grande número de caminhões, percebemos que a paralisação terá um impacto tanto na nossa região, como na região de São Paulo.
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“O Dia D começa a partir do dia 20 de maio de 2018 e só vamos voltar a trabalhar quando conseguirmos o nosso reajuste de frete e chamar a atenção para a baixa dos combustíveis”.
Antes mesmo do “Dia D”, a cidade de Tabuleiro do Norte conta com cerca de 50 veículos já parados na entrada da cidade em um terreno particular. A expectativa do grupo é que cerca de 500 caminhoneiros entrem na paralisação somando os 3 locais de ponto de apoio: Tabuleiro, Fortaleza e Sobral.
Baixa do combustível
O objetivo principal dos caminhoneiros é o reajuste do frete, mas eles também também lutam por uma baixa no valor do combustível. “Aqui na região, o diesel custa entre R$ 3,80 e R$ 3,90. Em Fortaleza, por exemplo, o valor está na faixa de R$ 3,88. Nas estradas encontramos, o preço varia no decorrer das rodovias de R$ 3,60 a R$ 3,70.”
Há 10 anos na estrada, Alcivan ainda acrescenta que a classe nunca encarou um valor tão alto no combustível. “O diesel disparou de tal forma que o transporte hoje está praticamente inviável pra gente. Por isso, a gente tenta conseguir um reajuste de frete, porque essa é uma medida emergencial, mas o que a gente também precisa com urgência é a redução dos preços dos combustíveis.”
Adesão ao movimento
As redes sociais são as maiores “parceiras” dos caminhoneiros nessa empreitada. Por meio do Facebook e, principalmente, pelo WhatsApp, os caminhoneiros encaminham mensagens tentando alcançar o maior número de motoristas. E não para por aí: anúncios em rádios de toda a região e equipes alocadas estrategicamente nos principais postos das rodovias orientam outros caminhoneiros a não carregarem para que os caminhoneiros consigam atingir o seu objetivo.
100% organizada por caminhoneiros
Organizada 100% pelos caminhoneiros, segundo Alcivan, a paralisação não possui apoio político. “Não queremos receber apoio político e nem sindicalista. Recebemos apoio exclusivamente de caminhoneiros, independente se seja de nossa cidade ou de outras regiões. Quem vier somar ao nosso movimento e desejar parar de maneira pacífica, sem atrapalhar o direito de ir e vir do cidadão, é bem vindo”, declara.
Em contraponto, o maior suporte aos caminhoneiros vem das famílias. Devido à capital dos caminhoneiros girar em torno do caminhão, ou como diz Alcivan “quem não é filho de caminhoneiro, pelo menos algum parente deve ser”, o apoio ao movimento é grande. “A população interage com a gente e dá todo o suporte fornecendo água e alimentação.”
A paralisação não tem um prazo para o seu fim e o grupo, com a manifestação, deseja ser exemplo para grupos de caminhoneiros em todo o país. “Queremos que os caminhoneiros vejam que essa forma de paralisar é a forma correta e que não adianta tirar o direito de ir e vir do motorista. Só assim podemos esperar conquistar nosso objetivo”, finaliza Fernando.