Dados analisados nos últimos dois anos pelo Boletim Econômico Tracker-FECAP mostram que bens de baixo valor são os mais visados nos grandes centros devido a fácil distribuição e ausência de fiscalização.
As ocorrências de roubo e furto de caminhões e cargas registraram queda no último ano, no Estado de São Paulo, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, analisados minuciosamente no Boletim Econômico Tracker-FECAP que acaba de ser publicado.
Na modalidade cargas, foram registradas cerca de 17 mil ocorrências entre junho de 2017 e maio de 2019, uma queda de 22% no acumulado dos últimos doze meses na comparação com o mesmo período do ano anterior. Já em relação aos caminhões, a queda de roubos foi de 1% em comparação com o mesmo período. O volume de furtos caiu 18% no mesmo período.
Cargas
A maioria dos boletins de registro de roubos de carga ocorre nas vias urbanas (86,7%), principalmente na periferia da capital paulista. Os registros de ocorrência em rodovias e estradas respondem por 8,81% dos casos. Os cinco bairros da capital que registraram maior número de ocorrências foram Capão Redondo, Iguatemi, Vila Maria, Jardim Ângela e Grajau. Seis ruas se destacam como as mais perigosas: Avenida Raimundo Pereira de Magalhaes; Estrada do M’boi Mirim; Rodovia SP 330 (Anhanguera); Avenida Dona Belmira Marin; Rodovia BR 381 (Rod. Fernão Dias) e Avenida do Estado.
A cidade de São Paulo responde isoladamente por 46,5% dos roubos de cargas verificados no estado. A seguir, temos as cidades de Guarulhos (5,2%), Osasco (2,7%), Campinas (2,3%) e São Bernardo do Campo (2,1%).
Os criminosos urbanos buscam por artigos como alimentos, bebidas e cigarros. Os produtos mais roubados foram carnes e derivados, laticínios, cervejas e cosméticos. “As ocorrências são, em sua maioria, em centros urbanos e nos bairros mais populosos da periferia. As mercadorias de baixo valor agregado facilitam a distribuição e receptação no mercado ilegal, que existe devido à ausência do Estado”, analisa Erivaldo Costa Vieira, professor e coordenador do Núcleo de Pesquisa da FECAP.
Produtos que possuem maior valor agregado como eletrônicos, medicamentos, eletrodomésticos e combustíveis também são alvo do crime nas estradas, apesar dessas ocorrências apresentarem uma frequência menor. “Esse tipo de crime requer um pouco mais de inteligência e organização para venda e distribuição”, finaliza.
Caminhões
O munícipio de São Paulo lidera o número de ocorrência de roubo de caminhões, com 28,2% dos casos. Em seguida, aparecem Guarulhos, Atibaia, Campinas e São José dos Campos. O bairro de Iguatemi, na Zona Leste, foi o que apresentou maior número de casos. Logo depois vieram os bairros de Vila Maria, Vila Leopoldina e São Mateus.
Os dados sobre os furtos mostram a liderança, mais uma vez, da cidade de São Paulo, mas o percentual é menor: 17,9%. A cidade de Campinas está em segundo lugar, seguida por Guarulhos, Ribeirão Preto e Franca.
“O maior registro de ocorrências de furto é na Avenida Doutor Gastão Vidigal (Zona Oeste). Enquanto a Rodovia Fernão Dias (Trecho Capital) foi a via que liderou o número de roubos no período”, destaca Vitor Correa, coordenador do Comando de Operações do Grupo Tracker.
O período no qual o número de roubos é mais expressivo é o da manhã, com 41%, seguido da tarde, com 24%. As ações de furto, por sua vez, ocorrem majoritariamente de madrugada (37%), seguida pelo período da manhã (19%). Os períodos nos ajudam a observar que as dinâmicas de roubo e furto de caminhões possuem rumos de ação diferenciados.