Como saber se os filhos estão preparados para assumir os negócios

Por Evelyn Haas
da Redação do Portal

No setor de transporte, existem inúmeras histórias sobre sucessão familiar para contar. Não é raro encontrar uma empresa que foi fundada pelo bisavô, que foi incentivado pelo tataravô a montar seu negócio. Não há como negar, no fundo, que todo pai quer que seu filho siga seus passos. Poder transmitir sua história de geração em geração é um sonho para qualquer empresário.

A família exerce um papel de extrema relevância quando se trata de negócios. De acordo com os últimos dados do SEBRAE, 25% dos empresários costumam ouvir a opinião de familiares e colegas, para resolução dos problemas da empresa e definição de estratégias. Somente os sócios-proprietários são mais ouvidos que os familiares e colegas para resolver os problemas da empresa, segundo conclui o estudo “Responsabilidade Social nas MPEs Paulistas” (realizado em dezembro de 2004).

A interferência das relações humanas nos negócios vai além. Segundo pesquisa “Cenários para MPEs”, de 2009-2015, fevereiro/2009, 59% amigos e parentes são usualmente requisitados para darem suas opiniões aos proprietários de micro e pequenas empresas.

Dilema da sucessão

Quando você é pai e ao mesmo tempo tem uma empresa, mas por alguma razão precisa repassar seu posto para outra pessoa, nada mais natural do que pensar que algum ente seu, no caso seu filho, para assumir a posição. Mas como dar continuidade? Quem deve ser seu sucessor?

Para Reinaldo Messias, Consultor do SEBRAE, “para a empresa garantir um bom momento de transição, para que não sofra nenhuma descontinuidade nas políticas, o gestor deve ter claro que não será mais ele quem irá tomar as decisões. Deve pensar na empresa como um todo.”

Para Messias, a pessoa que for suceder ao cargo deve provar resultados satisfatórios. Precisa redesenhar outro tempo que não o da fundação da empresa.

A primeira vontade é pensar que seu filho poderia sucedê-lo e se interessar pelo negócio da família. Então se lembra que a solução pode não ser tão simples assim. Afinal, ele é desatento, desorganizado, gosta mais de ficar em casa ou sair para beber com os amigos ao invés de pensar no futuro da empresa do seu pai. Como fazer para incentivá-lo a cuidar do que também pode ser dele?

De acordo com o consultor, “tudo depende de fazer da vida que ele estiver. Deve tratar primeiro o sucessor com o olhar de que aquilo pode mais uma oportunidade que tem para escolher na vida. Mostrar para ele os dois lados, ser transparente dentro da figura de pai”.

Para Ana Carolina Ferreira Jarrouge, Gerente Administrativa Jurídica e RH, que trabalha desde sua adolescência na empresa da família, a transportadora Ajofer, “quando é familiar, conduz seu negócio com mais empenho. Ou todos torcem pelo bem comum ou fica difícil levar a empresa adiante. Aí, o final não fica difícil de adivinhar. O importante é remar todos no mesmo sentido e ter muito diálogo”.

A Ajofer é uma empresa familiar presente no mercado há 39 anos. A identificação mesmo aconteceu quando seu pai a levou para trabalhar com ele. “Me identifiquei com os valores, princípios e toda história da empresa, até hoje revejo com meu pai e meu avô as fotos de quando eles começaram, pessoas as quais admiro pela coragem, determinação e empreendedorismo. Eles começaram do nada e construíram com muito trabalho e dedicação incansáveis tudo o que temos hoje”.

Garantir que o herdeiro assuma o comando da empresa, e entenda seu cotidiano é fundamental. Para Baldomero Taques Neto, coordenador da ComJovem Nacional, “o jovem se espelha no pai. Cada família deve saber sua função e deixar algo de melhor pela empresa. Mas não deve obrigá-lo. O importante é fomentar seus estudos e deixar que o filho faça as coisas no tempo certo”.

Reinaldo complementa dizendo que os filhos “devem primeiro adquirir experiência em outras organizações, ter tido experiência inclusive em outros mercados”.

O futuro integrante deverá ter passado por vários estágios na empresa a fim de que a conheça profundamente e inclusive ter tido experiências em outros ambientes organizacionais; processos que garantirão mais consciência para poder tomar decisões futuras com maior responsabilidade e desenvoltura.

Diante dos demais funcionários, para o jovem que o jovem seja aceito pelos demais colaboradores ele deve agir com inteligência e lealdade, passando por todas as fases da empresa para poder comandar.

Como se trata de duas pessoas compartilhando visões distintas, a relação deve ser equilibrada e respeitosa. A figura emocional do pai não deve mais importante do que sua gestão. Messias defende que ambos devem estar abertos para novas possibilidades.

Fotos: Divulgação ComJovem (NTC)

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