Em 2009, o mexicano Oscar Salazar, juntamente com outros dois sócios, fundou a Uber, empresa de transporte urbano que em menos de seis anos se tornou uma das maiores companhias do mundo (e alvo de muitos protestos de taxistas). Salazar aposta agora que o mercado brasileiro de cargas rodoviárias passará pela mesma transformação que o transporte individual de passageiros, motivo pelo qual acaba de se tornar investidor e diretor da CargoX, primeira transportadora do país impulsada por tecnologia.
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Conectada em tempo real por um aplicativo com mais de 100 mil caminhoneiros autônomos, a empresa vem sendo estruturada desde meados de 2015 e é pautada em algumas das principais diretrizes do Uber: agilidade, flexibilidade e qualidade na experiência do contratante do serviço; além de uma base de motoristas cadastrados com processo de triagem rigoroso e responsabilidade pelas cargas transportadas.
“Utilizamos a ociosidade da frota autônoma do país com o cruzamento das rotas de nossos clientes para otimizar os envios. Com essa tecnologia por trás da CargoX permitimos que os embarcadores tenham uma economia inicial de até 30% no valor do frete”, esclarece Alan Rubio, diretor de Transportes da CargoX.
Para Oscar Salazar, o momento econômico que o Brasil atravessa também foi uma oportunidade para a criação da companhia. Segundo o executivo, o mercado brasileiro de frete opera com 40% de ociosidade em sua capacidade.
“As transportadoras brasileiras estão sob a pressão da crise econômica e, justamente por isso, vamos oferecer um serviço de melhor qualidade com menor custo. Para nós é o momento de apostar no país e crescer de forma exponencial, impactando positivamente no valor operacional da cadeia logística”, afirma.
“Pretendemos revolucionar o mercado de transporte de cargas no país, com o fortalecimento da cadeia logística. Nós acreditamos em um crescimento rápido, com faturamento que pode ultrapassar os R$ 48 milhões no primeiro ano de atuação”, prevê Salazar.
Mercado brasileiro de cargas rodoviárias
O transporte rodoviário de cargas brasileiro é responsável por mais de 65% do volume de mercadorias movimentadas no Brasil e seu custo representa cerca de 6% do PIB do país. Para as empresas, o transporte de carga pelas estradas nacionais corresponde a mais da metade de sua receita líquida, como no caso da agroindústria (62%) e das indústrias de alimentos (65,5%). Segundo dados não oficiais, o Brasil tem uma frota excedente de aproximadamente 350 mil veículos (35%), o que gera mais de 30% de viagens com o caminhão vazio.