DAF quer começar a vender pesadão XF 105 durante a Fenatran

Por Mauro Cassane, editor-chefe do Portal Brasil Caminhoneiro

Depois de uma presença meramente institucional na última edição da Fenatran, quando o presidente da montadora, Marco Davila, em entrevista ao Portal Brasil Caminhoneiro, revelou os planos da marca para o Brasil, como a construção da fábrica em Ponta Grossa, PR, e um acelerado processo para nomeação de concessionários, a DAF anunciou ontem que boa parte de seus planos foram cumpridos: a fábrica começa a operar no mês que vem e 13 grandes grupos empresariais já estão com 20 concessionárias “quase” prontas para abrir ainda este ano suas portas e começarem a vender.

A montadora holandesa pertence ao poderoso grupo americano Paccar que, além da DAF, detém legendas como Peterbilt e Kenworth. Quem conhece caminhão dispensa maiores apresentações para os produtos destas marcas que imperam nas estradas norte-americanas, mas também são bem conhecidos no México, Austrália e, aqui na América do Sul, é bem fácil vê-los pelas estradas andinas (estes caminhões são muito comuns no Chile).

No Brasil, a Paccar vai entrar apenas com a DAF pela óbvia razão que o mercado nacional sempre foi influenciado pelas marcas europeias. O ano passado foi de correria para os executivos da empresa holandesa que tiveram que se desdobrar para tocar em ritmo acelerado as obras da fábrica no Paraná e, ao mesmo tempo, convencer empresários nacionais que é um bom negócio abrir revendas de caminhões da marca.

XF 105

O desafio era chegar à próxima Fenatran, que acontece no final de outubro que vem, com a fábrica produzindo e rede vendendo. E a missão foi cumprida. A unidade industrial de Ponta Grossa começa a produzir no início do mês que vem (ainda que apenas um ou dois caminhões por dia) e as 20 revendas, de acordo com Luiz de Luca, diretor executivo de operações da companhia, estarão praticamente todas de portas abertas até o final deste ano. “Mas já nesta Fenatran os vendedores das concessionárias podem tirar pedidos dos interessados”.

Para correr com a fábrica e estruturar a rede a DAF desembolsou 320 milhões de dólares em recursos próprios. O terreno onde a planta foi erguida possui 2,3 milhões de metros quadrados e é grande o bastante para ampliações e, futuramente, até abrigar fornecedores. “Nossas instalações ocupam apenas 20% desta área e por isso temos espaço suficiente para crescer o quanto quisermos”, acrescente de Luca. A fábrica ocupa espaço de 270 mil metros quadrados com 34 mil metros quadrados de área construída. “Só na construção da fábrica investimos 200 milhões de dólares”.

A fábrica tem capacidade para produzir, em apenas um turno, até 10 mil unidades anuais. De Luca estima que este ano, começando a vender, efetivamente, depois da Fentran, as vendas cheguem a 100 unidades. “Mas, pela qualidade de nossos produtos, acreditamos que chegaremos a 2,5 mil unidades comercializadas no ano que vem”. Para De Luca a meta é ter uma participação entre 3% e 3,5% no segmento de extrapesados.

Vista aérea da fábrica

Por enquanto a produção será inteiramente concentrada nos pesadões XF 105 que serão comercializados nas configurações 6×2 e 6×4, equipados com motor Paccar MX, de 12,9 litros, e que oferece duas opções de potência: 410 cv e 460 cv. “Em meados do ano que vem teremos a versão com 510 cv”, já adiantou Michael Kuester, diretor comercial da DAF Brasil. A transmissão já é bem conhecida dos transportadores brasileiros: será a AS-Tronic, da ZF, automatizada com 12 ou 16 velocidades. Como opcional será oferecido a transmissão manual, de 16 velocidades, também é da ZF, mas esta é uma daquelas opções que, em desuso, quase ninguém mais pede.

O XF 105 é oferecido em duas opções de cavalo mecânico, com três eixos, de acionamento simples e duplo. A distância entre-eixos é de 3.200 mm na versão 6×2, e 3.500 mm, na versão 6×4. A marca preferiu utilizar freios a tambor nos eixos frontal e traseiro.

Os caminhões XF 105 se posicionam na linha Premium e vão brigar com modelos top de linha fabricados pela Scania, Volvo, Mercedes-Benz e Iveco. O preço ainda não foi divulgado (vão apresentar na Fenatran, quando pretendem, inclusive, efetuar algumas vendas) mas é esperado valores entre 300 e 400 mil reais. Além disso, com 60% de nacionalização (por enquanto são 40 fornecedores nacionais e ano que vem mais 20 serão homologados) o caminhão, segundo informou a DAF, já pode contar com Finame.

XF 105

Dentro do conceito Premium, o caminhão vem com duas opções de cabine, Confort e Space, ambas com generoso espaço interno. O painel de instrumentos também foi desenvolvido considerando a funcionalidade e conforto, mas fica uma crítica à alavanca do freio da carreta que, adaptada para o Brasil, tem tamanho exagerado e destoa da harmonia ergonômica do painel. O computador de bordo oferece informações sobre o consumo real de combustível no visor integrado ao cluster. Após o desligamento do motor, o motorista pode verificar a média de gasto da viagem, o que o permite avaliar o estilo de condução.

Um diferencial singelo, simples e exclusivo é o dispositivo Night Lock (trava noturna). Trata-se de uma trava mecânica montada na parede lateral da cabine, com um pino de aço temperado, que corre para dentro do descanso de braço da porta. O dispositivo garante mais segurança quando o motorista estiver dormindo na cabine.

Os executivos da DAF se esmeraram para deixar claro que os planos da companhia são amplos e de longo prazo para o mercado nacional. Já anunciaram maior potência para os pesadões, prometeram trazer a linha CF (caminhões semipesados) em meados do ano que vem, esperam crescer a rede de revendas em 20 novas casas por ano a partir de 2014 (até chegar a 100 revendas em 2016) e planejam, para mais cinco anos, também produzir no País a séria LF (caminhões médios).

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