Fábrica argentina da Mercedes-Benz mantém tradição de produção mais manual sem abrir mão dos processos de qualidade germânicos

por Mauro Cassane,
editor do Portal Brasil Caminhoneiro

A decisão deve ter saído bem antes (é possível que os alemães não contavam com a ascensão de Juan Domingo Perón), mas só em 1951 é que a primeira fábrica da Mercedes-Benz fora de seu país foi oficialmente inaugurada na Argentina. O que era para ser um negócio fabuloso teve que amargar alguns anos de dificuldades com um governo pouco afeito a empresas estrangeiras. Definitivamente as coisas não aconteceram como os alemães, naquela época, esperavam. Mas, enfim, foi o primeiro passo da marca da estrela para conquistar outros importantes mercados fora da Alemanha. Anos mais tarde começaram as obras da unidade em São Bernardo do Campo, meca da indústria automotiva no Brasil.

A nova Sprinter é feita na planta argentina. É uma fábrica com cara antiga mas com processos germanicamente modernos e eficientes. A produção nestas seis décadas e mais um ano já montou cerca de meio milhão de veículos, sendo mais de 200 mil unidades do Sprinter, mais de 180 mil caminhões e mais de 100 mil ônibus.

Fábrica da Mercedes-Benz na Argentina

A planta, batizada como Centro Industrial Juan Manuel Fangio (isso mesmo em homenagem ao mítico piloto argentina que, inclusive, foi presidente daquela filial), fica em Virrey del Pino, Província de Buenos Aires, e é responsável para América Latina pela fabricação dos veículos Sprinter, que se posicionam na categoria de “large vans”, consolidando sua importância como unidade produtora de veículos comerciais leves do grupo Daimler.

Segundo Roland Zey, presidente da Mercedes-Benz Argentina, o Brasil é responsável por 70% das exportações de Sprinters da fábrica da Argentina, que também exporta para mais de 50 outros países. E a produção da unidade argentina é de cerca de 18 mil unidades em dois turnos (ao todo são 1,7 mil funcionários). Diz Zey: “já estamos no limite de produção de 70 unidades por dia, mas se houver demanda temos condições de abrir mais um turno de trabalho”. Neste troca de peças o Brasil entra com 70 itens produzidos aqui (entre eles o câmbio ZF).

Roland Zey, presidente da Mercedes-Benz Argentina

A América Latina possui posição estratégica no negócio de comerciais leves para o grupo Daimler. A Mercedes-Benz do Brasil ocupa a 6ª colocação entre as filiais da Daimler AG que mais vendem veículos comerciais leves no mundo. A Argentina está na 10ª posição.

Em recente encontro com a presidente Cristina Kirchner e com autoridades locais, Dieter Zetsche, CEO da Daimler, anunciou o investimento de U$ 170 milhões para produzir, na planta da Mercedes-Benz Argentina, uma nova família de veículos comerciais leves da categoria “mid size vans” para transporte de cargas e passageiros. Trata-se do Novo Vito, cujo foco principal será, certamente, o mercado brasileiro. A inédita linha será fabricada somente na América Latina, visando sua comercialização em todo o mundo. O lançamento está previsto para 2015.

A Argentina é responsável pela fabricação de Sprinter

Com o anúncio da nova linha de “mid size vans”, a produção do Centro Industrial Juan Manuel Fangio deverá duplicar, saltando das atuais 17.000 unidades anuais para 34.000 unidades. Isso engloba os novos produtos e também Sprinter, caminhões e chassis de ônibus.

“Escuela Técnica Fundación Juan Manuel Fangio”

Juan Manuel Fangio deixou um grande legado na Mercedes-Benz. Ele teve o primeiro contato com as lendárias “Flechas de Prata” da Mercedes-Benz em 1951. Desde então, a relação entre a marca e o ídolo foi aumentando com o passar do tempo, sem nunca finalizar.

Depois de ganhar dois campeonatos mundiais de Fórmula 1 para a Mercedes-Benz, a Empresa prestou uma homenagem especial a Fangio, nomeando-o presidente honorário e vitalício da Mercedes-Benz Argentina, cargo que desempenhou em caráter exclusivo, sendo a única pessoa que recebeu esse tipo de distinção ao longo de toda a história da companhia.

Tão importante é o legado do piloto para a Mercedes-Benz Argentina que, em 1996, a planta foi batizada como Centro Industrial Juan Manuel Fangio. Além disso, dentro das instalações do Centro Industrial funciona, desde 1962, a “Escuela Técnica Fundación Juan Manuel Fangio”, que cumpre uma função social e é considerada uma das escolas de fábrica de mais alto nível no país. Nos 50 anos de seu compromisso com a educação, a Empresa sempre aportou recursos econômicos e logísticos para o funcionamento da escola. O investimento anual gira em torno de 400.000 Euros. Atualmente, a escola tem capacidade para mais de 200 alunos, que participam de forma gratuita.

Fotos: Malagrine Estúdio

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