Em meio às manifestações de caminhoneiros pela melhora do custo operacional, o que incluiu o aumento do frete, a NTC&Logística divulgou pesquisa que indica uma diferença de 14,11% entre os fretes praticados por empresas e os custos efetivos da atividade calculados pela entidade. Essa diferença tem origem, principalmente, na inflação dos insumos que compõem os custos, bem como das defasagens de frete que vêm se acumulando ao longo dos últimos anos.
“Embora parte do mercado tenha se mostrado sensível às necessidades da recomposição dos fretes, isso não tem efetividade na prática. Prova disso são as dificuldades que as empresas de transporte estão enfrentando para vislumbrar a recuperação de suas margens”, salienta Neuto Gonçalves dos Reis, coordenador do Departamento de Custos Operacionais, Estudos Técnicos e Econômicos da NTC&Logística (DECOPE).
O setor vem registrando diversas pressões sobre os custos nos últimos anos, entre as principais pode-se citar: aumento das restrições à circulação de veículos nos centros urbanos – barreiras fiscais, ineficiência de terminais de embarcadores, questões trabalhistas e o aumento significativo de exigências operacionais, comerciais e financeiras por parte dos clientes. Somam-se a isso as precárias condições da infraestrutura enfrentadas pelas empresas e a escassez de mão-de-obra qualificada, que registra atualmente uma falta de 106 mil motoristas no mercado.
Verifica-se, também, que o transportador não tem remunerados adequadamente muitos custos e serviços adicionais, não contemplados diretamente nas tarifas, tais como: o elevado tempo de espera para realizar carga e descarga (TDE), os custos adicionais causados pelas restrições à circulação de caminhões (TRT), os serviços de paletização, guarda/permanência de mercadorias, uso de escoltas e planos de gerenciamento de risco customizados, emprego de veículos dedicados, dentre outros.
“É importante observar que, muitas vezes, os custos com esses serviços são superiores ao próprio frete arrecadado. Portanto, trata-se de situação injusta e inaceitável, que precisa ser equacionada pelas partes”, explica José Hélio Fernandes, presidente da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística).
Não há como deixar de citar também os aumentos das tarifas públicas e impostos, alguns dos quais já são sentidos, como é o caso dos combustíveis cujos preços se elevaram em torno de 13,49%. Parece inevitável, aliás, que o aumento de combustíveis cause um efeito cascata, elevando, em futuro próximo, muitos outros insumos.