Música e estrada: as paixões do ex-caminhoneiro que interpreta sucessos de Elvis Presley

A música está ligada diretamente à vida do estradeiro. E quando a paixão acaba se tornando profissão? Essa é a história do caminhoneiro e cantor William Marks Pinto, 40

William Marks interpreta músicas do cantor Elvis Presley (Fotos: Arquivo Pessoal)

Elvis está entre nós! William interpreta músicas do cantor, uma lenda do rock, há um certo tempo. A semelhança vocal com a estrela foi descoberta pela mãe, Madalena Marques Pinto, quando o filho ainda era pequeno. “Minha mãe colocava os discos do Elvis na vitrola e eu cantava junto. Foi aí que ela comentou, mas eu não acho minha voz tão parecida. Eu acho que alguma coisa lembra, mas não acho parecida. Falta muito para eu cantar igual ao Elvis”, conta Marks.

“Na infância, quando eu ouvia, não sabia expressar qual sentimento era aquele. Era algo que eu sabia que me fazia bem”, completa. Autodidata e decidido a seguir carreira na música, Marks começou a treinar canto e alguns instrumentos musicais, como violão e guitarra.

A estrada chama

O tempo passou. William completou 18 anos, tirou a CNH categoria E e, aos 19 anos, se alistou no Exército. Lá, Marks fazia transporte de munições para o quartel, de São Paulo para o Rio de Janeiro, e também puxava os blindados. Cerca de quatro anos depois, o pai, Valter Pinto, comprou um caminhão e Marks não pensou duas vezes para sair do Exército e tentar tocar seu próprio negócio.

Trabalhando como caminhoneiro, Marks puxou desde caçamba com produtos de pedreiras até máquinas pesadas. O motorista rodou por boa parte do país, mas a música falou mais alto.

Da estrada para a música

O amor pela música fez a vida de caminhoneiro ficar para trás

Depois de mais de 10 anos como caminhoneiro, surgiu uma grande oportunidade na vida de William. “Sempre gostei de música e gostava muito de tocar e cantar nas horas vagas. Cheguei a tocar até mesmo em um grupo de samba. Até que surgiu a oportunidade de participar do quadro ‘Quem Sabe Canta’, do programa Raul Gil. Então participei e achei que fosse algo que eu iria aparecer umas três vezes, mas acabou que eu fiquei quase três anos”, conta.

Para se apresentar na telinha, William passou por uma seleção no bairro do Jabaquara, em São Paulo (SP). “Falei com o maestro Gino, contei que eu cantava Elvis, levei o violão e apresentei três músicas. Depois de seis meses me ligaram para eu fazer outro teste, no qual eu fui aprovado e entrei para o grupo de candidatos do concurso.” Paralelo ao quadro, William passou a fazer parte da Caravana Raul Gil, evento itinerante que levava os participantes do concurso para se apresentarem por todo o país.

O show precisa continuar

“Ser caminhoneiro é que nem ser cantor: é um amor por aquilo que você faz, um orgulho”, conta Marks

“Ser caminhoneiro é que nem ser cantor: é um amor por aquilo que você faz, um orgulho. Meu caminhão era como um parceiro, meu amigão. Você cuida, tem ciúmes, passa a ser seu lar. Você também vicia na estrada. Não tem nada melhor do que as viagens, que só trazem coisas boas, mas infelizmente tem muitos pontos negativos: se você cobra um frete, por exemplo, e durante a viagem estoura um pneu, o dinheiro vai todo embora”, conta.

Depois de seis meses no programa Raul Gil, em 2006, Marks deixou o caminhão. “Sem dúvida alguma, a música era a única coisa que podia me tirar do volante. É o que eu amo fazer. Se a gente não se dedica aquilo que gostamos, nos tornamos pessoas infelizes.”

A oportunidade de fazer shows em vários lugares, e o valor maior do cachê, fizeram o caminhoneiro-cantor largar as estradas e estrelar de vez nos palcos. Mas se engana quem acha que foi fácil deixar o trecho. “Ainda me dói o coração ver um caminhão passando, porque eu gosto muito, mas, infelizmente, o que eu amo é cantar!”

Sérgio Reis e William Marks

A Responsabilidade de representar uma estrela

Apesar de não se caracterizar como o cantor, William possui muitos fãs que se identificam com a voz do intérprete. “Não tento representar, mas relembrar o cantor. Representar o Elvis é difícil, acho impossível. Vejo muitos cantores que se caracterizam como ele, mas é impossível. Eu acredito que o que podemos fazer é tentar trazer alguma memória.”

A paixão pelo artista levou William a participar de dois eventos nos Estados Unidos. Em agosto de 2015 e 2016, o cantor participou da “Elvis Week “, em Memphis, nos Estados Unidos, cidade onde o rei viveu e morreu. Lá se apresentou em vários locais, incluindo o Hard Rock Café, o Crowne Plaza Hotel e o New Daisy Theatre. Em julho de 2016, William se apresentou em um Festival em Long Branch. E o sucesso internacional não para: este ano, em 24 de julho, o cantor embarca para Nova Iorque para se apresentar no festival Brazilian Fest.

Em homenagem aos 40 anos da morte de Elvis Presley, William pretende fazer um DVD e um CD de tributo ao rei

Tributo ao rei

Em homenagem aos 40 anos da morte de Elvis Presley, William pretende fazer um DVD e um CD de tributo ao rei. “É um projeto muito especial, porque são 40 anos do falecimento dele e eu completo 40 anos de idade. Este é o ano! Vamos pegar as melhores músicas, as mais conhecidas no Brasil, e montar esse repertório”, conta ansioso.

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