Foi analisada uma defasagem de 20,60% nos fretes
Na tarde da última quinta-feira (1), líderes e empresários do Transporte Rodoviário de Cargas reuniram-se em Natal (RN) para debater assuntos de grande importância para o setor no CONET (Conselho Nacional de Estudos em Transporte, Custos, Tarifas e Mercado).
Durante o encontro, Lauro Valdívia, assessor técnico da NTC&Logística, revelou a pesquisa de mercado, realizada em parceria com a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). A pesquisa envolveu 2.495 empresas de transporte rodoviário de cargas em todo o Brasil e traz um panorama de 2017.
“Apesar da pequena recuperação do frete em 2017, essa não foi suficiente para recompor a defasagem acumulada nos últimos anos”, afirma Lauro.
Números
Entre os números apresentados, foi analisada uma defasagem de 20,60% nos fretes de carga lotação e 13,95% para carga fracionada. De acordo com a pesquisa, 62% das empresas entrevistadas tiveram queda no faturamento e 47,6% diminuíram de tamanho.
“As dificuldades do período também prejudicaram muito a cobrança dos demais componentes tarifários. Neste caso, é imprescindível que sejam cobrados de forma adequada”, explica Lauro.
Com a crise, toda a cadeia produtiva foi afetada e o pagamento do frete ficou prejudicado. 52,4% das transportadoras estão com fretes a receber em atraso, o que significa, em média, que as empresas demoram 25,9 dias para receber o pagamento. Como consequência disso, 40,6% delas estão com parte da frota parada e 29,3% sofrem com alguma ação trabalhista.
Fatores
Os fatores que mais contribuíram para esta situação em 2017 foram, em primeiro lugar, os aumentos dos custos, em especial o do combustível (9,44% nos postos e 12,49% nas distribuidoras), depois as majorações de salários, que chegaram a 4,50%, aumento das despesas administrativas da ordem de 3,55%, manutenção (1,94%), preço dos pneus novos (7,56%) e preço dos veículos (8,60%).
“O setor de transporte rodoviário de carga foi fortemente atingido pela situação econômica do Brasil dos últimos quatro anos. As empresas transportadoras lutaram para se adaptar à nova realidade do mercado, reduzindo custos, diminuindo de tamanho, cedendo a exigências e, principalmente, reduzindo o frete.”, afirma José Hélio Fernandes, presidente da NTC&Logística.
O quadro abaixo traz um resumo da situação atual e um comparativo com os períodos anteriores:
Pesquisa NTC&Logística e ANTT indica que aumentos nos custos e necessidade de investimentos exigem a recuperação imediata dos fretes rodoviários de carga
Apesar da pequena recuperação do frete em 2017, essa não foi suficiente para recompor a defasagem acumulada nos últimos anos. Neste caso, a pesquisa indica a existência de uma defasagem de 13,95% no transporte de cargas fracionadas e de 20,60% na carga lotação. As dificuldades do período também prejudicaram muito a cobrança dos demais componentes tarifários.
Segundo a NTC, “neste caso, é imprescindível que sejam cobrados de forma adequada. No caso do transporte de cargas fracionadas o GRIS e o Frete Valor ambos no valor sugerido mínimo igual de R$ 6,79 (valor de dezembro de 2017).”
Por outro lado, observa-se que muitos usuários ainda não remuneram adequadamente o transportador com relação a situações anormais e aos serviços adicionais, que não estão contemplados nas tarifas padrões (frete peso, frete valor e Gris).
“Enquadram-se nesta categoria, por exemplo: entregas em regiões de alto risco para roubos, o elevado tempo de espera para realizar carga e descarga, coletas e entregas em áreas com restrições, os serviços de paletização e guarda/permanência de mercadorias, uso de escoltas e planos de gerenciamento de risco customizados, o uso de veículos dedicados, dentre outras”, completa.
Os custos com esses serviços e situações, muitas vezes, são superiores ao próprio frete recebido. “Logo, trata-se de situação injusta e inaceitável, que precisa ser resolvida o quanto antes entre as partes.”
Ainda segundo a pesquisa, vislumbra-se um mercado em crescimento em 2018, com um aumento de demanda para o setor de transporte de carga que pode chegar a ultrapassar os dois dígitos, pois, o setor cresce percentualmente de duas a três vezes o aumento do PIB e, além disso, os gargalos logísticos continuam sem solução no curto prazo.
“Recomenda-se ao transportador que faça suas contas e adeque sua remuneração aos desafios que estão por vir e encontre junto com os contratantes o equilíbrio comercial necessário, sobretudo neste momento, sob pena de se verem diante de situações de difícil e onerosa solução em suas operações.”
Com informações da NTC & Logística