Por Leandro Tavares,
Repórter do Brasil Caminhoneiro
Na última década o Brasil passou por mudanças no cenário econômico. Com o Real cada vez mais consolidado e forte, as crises do início dos anos 90, que assustavam tanto empresas quanto consumidores, entraram de vez para a história. Prova disso é que, durante a crise do dólar que afetou grande parte dos países do mundo entre 2008 e 2009, o nosso conseguiu manter um bom nível de desenvolvimento.
Entretanto, 2012 tem sido um ano delicado para o mercado de caminhões. Como reflexo de um novo fator (a mudança da tecnologia de motorização do Euro 3 para o Euro 5), as empresas tiveram que alterar também planejamentos, posto que o custo elevado dos novos modelos afastou os compradores durante boa parte do primeiro semestre.
“Essa queda (do mercado de caminhões) foi motivada devido a antecipação de compras de produtos Euro 3, que aconteceu nos últimos meses de 2011, bem como a transição para a legislação Euro 5”, explicou a diretora de vendas e marketing de caminhões da Mercedes-Benz, Tânia Silvestri.
Otimista, Tânia acredita em uma retomada do mercado nos próximos meses. “Setores como agronegócio, mineração, construção civil e comércio devem garantir um bom resultado nos próximos meses”, destacou a executiva.
Esta melhora tem como pilar os pacotes de medidas adotados pelo Governo Federal, como a redução das taxas de crédito. Tais ações foram essenciais para o desempenho do mercado em junho, mês que mostrou sinais de recuperação para a indústria. Mesmo assim, ainda faltam detalhes que podem fazer a diferença no fim do ano, quando saberemos como foi o desempenho global do setor.
Antonio Cammarosano Filho, diretor de vendas do mercado nacional da MAN Latin America, acredita que há dois pontos que precisam ser o foco nos próximos meses para que a notícia final, em dezembro, agrade a todos. “Quando falamos de emplacamento, o mercado deve ir bem se continuar com taxas de crédito de 0,45% e com as consultas virando negócios. Há ainda a questão das restrições de crédito e da distribuição do diesel (S-50, que não é encontrado em todos os postos do Brasil)”, avaliou o executivo.
Cammarosano revelou que, na projeção da MAN Latin America, o mercado deve ficar abaixo do desempenho de 2010 e 2011, sendo este último o ano recorde do segmento no Brasil. “Se tudo for favorável, chegaremos a 150 mil unidades. No entanto, sem estes pontos citados, acho que ficamos em um patamar de 140 mil unidades”.
Já a Iveco, que em 2011 cresceu 28% em relação a 2010, acredita que deve ter um desempenho abaixo do que foi registrado no ano anterior, mas ainda assim muito bom. “No mercado acima das 2,8 toneladas de PBT (Peso Bruto Total), que é a faixa na qual competimos, prevemos um mercado de 180.000 unidades (15% abaixo dos volumes de 2011), que é, mesmo em queda, um mercado bastante importante”, afirmou Alcides Cavalcanti, diretor comercial da Iveco no Brasil.
Apesar do número tão acima da projeção da MAN Latin America, a Iveco espera um volume deste tamanho pois também considera as vendas de furgões, veículos comerciais leves. Mesmo assim, como a porcentagem da queda para ambas as empresas é bastante aproximada (15% para a italiana e de 13% a 17% para a alemã), é de se esperar que o mercado realmente fique neste patamar, fato que faria de 2012 o terceiro melhor ano para a indústria no Brasil, atrás apenas de 2011, que teve mais de 172 mil caminhões emplacados, e 2010, com mais de 157 mil unidades. Os números utilizados foram divulgados pela Anfavea. Além da MAN e da Iveco, a Mercedes também revelou que espera uma queda de 15% no mercado em neste ano.
Das outras três empresas que estão entre as seis que mais vendem caminhões no Brasil, Ford e Scania não quiseram se pronunciar. A Volvo não respondeu à tentativa de contato da reportagem.
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