(00:04) Hoje o nosso ponto de parada é Brasília, aqui onde são aprovadas as leis de trânsito que valem em todo o país. E nós estamos aqui para tratar de um assunto que é de absoluta importância pra segurança, mas que também afeta o bolso dessa turma que roda por todo esse Brasilzão. Hoje nós vamos falar sobre pneus reformados.
(00:34) E a gente sabe que os pneus fazem parte importante do orçamento dos caminhoneiros, mas fica sempre aquela dúvida, porque a gente sabe que é bem mais barato que o novo. Mas afinal de contas, a gente pode confiar na segurança desses pneus reformados? Essa discussão no ano passado, ela aconteceu no Congresso Nacional porque houve um projeto de lei que queria proibir o uso de pneus recapados no Brasil.
(01:08) Uma consulta pública feita pela Câmara dos Deputados mostrou de cada 10 participantes da pesquisa, nove foram contra a proibição aos pneus reformados. Tanto que em abril desse ano de 2025 o projeto de lei acabou sendo arquivado. Ou seja, pneus reformados continuam sendo permitidos no Brasil, mas para isso existem regras de segurança.
(01:34) A maioria das pessoas defende que os pneus recapados devam ser usados, mas para isso existem regras. Primeiro, o processo tem que ser feito com qualidade e a carcaça que vai ser reformada, é, ela tem qualidades que precisam ser identificadas. Esse daqui, por exemplo, ele já sofreu um desgaste tão grande que ele não tem mais condições de passar por um processo de reforma.
(02:04) Já esse outro aqui, ele está um pouco mais desgastado, mas ele ainda tem condições de ser recapado. O desgaste permite que a reforma seja feita. Pneu ressolado ou recapado é aquele que tem apenas a banda de rodagem substituída. Já o recalchutado ganha uma nova banda e também novos ombros. E o remoldado é o que recebe uma nova camada completa em toda a parte externa.
(02:36) Muita gente fala que isso aqui é resto de pneu reformado, mas isso não é verdade. Esse aqui em particular que tem esses fios de aço expostos, isso é a prova de que esse aqui foi um pneu usado fora dos limites pro qual ele foi produzido e isso fez com que ele entrasse em colapso, ou seja, que ele tivesse explodido.
(03:05) O perigo não está em usar pneu reformado. O perigo está em usar de forma irresponsável um pneu acima do peso e da velocidade pra qual ele foi produzido. Ah, é mais barato, mas eu sempre deixo usar mais para trás na carreta. No cavalo eu não gosto muito de pôr não, mas deixo eles mais usar para trás na carreta.
(03:35) Uso pouco, porque às vezes no cavalo estoura alguma coisa, quebra um paralama, uma lanterna. E se você tivesse que dar uma dica pros outros caminhoneiros aí que estão na dúvida se usa ou não esse reformado, esse recapado? Ah, tem que ser para reformar o pneu, tem que ser numa carcaça boa, né? Se o cara tiver uma carcaça boa, um pneu que nunca entrou um parafuso, nunca não teve conserto, nada, aí compensa.
(04:00) Aí compensa sim. Se for um pneu já conhecido, uma carcaça conhecida, compensa sim. Todos os pneus que passam por esses diferentes processos são chamados de pneus reformados, mas para isso existem muitas regras, tanto do Immetro quanto do Conselho Nacional de Trânsito. Por exemplo, pneus reformados não podem ser usados em eixo direcional de ônibus e vans.
(04:30) E eles também não podem ser usados em motocicletas e triciclos. Agora, para entender de fato como isso funciona, a gente vai pegar a estrada agora e nós vamos lá para Goiás visitar uma indústria que se destina ao trabalho, à prestação do serviço de recapagem. Chegamos a Luziânia e essa é uma indústria que faz o serviço de recapagem.
(05:05) Aqui esses pneus usados ganham uma nova vida. Cada pneu é avaliado com rigor antes de entrar na linha de recapagem. Ele precisa ter pelo menos 7 anos de fabricação e a profundidade ideal para iniciar o processo é de pelo menos 4 mm. Ah, e só pode ser reformado no máximo por três vezes. Os pneus já estão saindo desse panelão de pressão aí, né? É uma panela de pressão muito legal, só que é uma panela de pressão especial.
(05:38) Ela é a vácuo, ou seja, ela é o contrário daquilo que a gente tem em casa. Esse processo que a gente pode chamar que seria o cozimento, né, para poder agregar tudo. Sim, sim. É um processo eh o que nós chamamos de eh reformar frio, porque trabalhamos abaixo e de 120º ou até 120º. O pneu ele não pode ser recapado de qualquer maneira, ele precisa estar apto, como eu como eu acabei de falar.
(06:09) Então, existe um mínimo de borracha que ele precisa vir para cá, existe e eh um mínimo de, aliás, um máximo de dano que ele pode ter. determinadas perfurações, determinados desgastes irregulares impedem que nós possamos fazer um trabalho eh eh com segurança, um trabalho que eu possa garantir. E é nessa máquina, nesse momento que isso é conferido.
(06:35) E a gente vê, Álvaro, que aqui tem todo um cuidado, uma proteção aqui ao redor, né? Sim, nós temos uma uma raspa automática. Eh, e aí ele eh o operador posiciona o pneu e na sequência e ela vai fazer o trabalho sozinha. Teoricamente o trabalho que é combinado ali, coloca os parâmetros que vão ser utilizados paraa raspagem, fecha-se a porta por questões de segurança mesmo.
(07:00) Não dá para brincar com segurança em nenhum momento. Álvaro, a gente vê aqui, ó, ele tá raspando ali o pneu, mas a gente vê que é muito pó de borracha que tá caindo por aqui, né? É, é essa, esse esse pó inclusive é é um tesouro. No passado era um problema, hoje ele ele é usado para um monte de de outros trabalhos, como por exemplo, compor a mistura asfáltica.
(07:31) E aí, Álvaro, uma vez terminou aqui essa raspagem que leva aí 5 a 10 minutos, qual que é o próximo passo? O próximo passo, o a carcaça é retirada, colocada na manovia e segue pra próxima estação, onde vai ser feito um escareamento. O pneu vai ser escareado para identificar mais uma vez se ele está apto a ser recapado.
(07:53) Ou seja, isso daqui é o produto final do que a gente teve ali atrás, né? A gente vê que todo esse processo envolve muito conhecimento técnico, mas ele é um pouco artesanal também, vai dar a habilidade de cada um desses profissionais. Agora, tem gente que nem eu, que tem mania de enxergar com o dedo, quer pegar, quer tocar.
(08:20) A partir desse momento aqui, ninguém mais pode tocar esses pneus se não tiver com o equipamento certo, porque até mesmo uma digital, uma sujeira que agregue ali, vai atrapalhar todo o processo. E aí a gente vê a seriedade de quando aquilo é feito realmente seguindo todas as normas, né, Álvaro? Exatamente. Agora é que realmente vai acontecer a tal da recapagem, né? É a mágica.
(08:53) Ele vai receber a a o recap, ele vai receber a banda de rodagem nova. Já temos o coxim e agora sai a aplicação. A demanda por reforma de pneus no Brasil tem crescido nos últimos anos, destaque pro segmento de caminhões e ônibus, onde dois de cada três pneus acabam sendo reformados. Esse mercado movimenta no país mais de R$ 5 bilhões de reais anualmente e gera 250.
(09:20) 000 empregos diretos e indiretos. Ele vai receber um envelope especial para que ele receba pressão de dentro para fora e de fora para dentro, para que a banda de rodagem nova continue pressionada sobre a carcaça e aí sim ele tá pronto para entrar na na, como você falou no começo, na velha panela de pressão, eh, para ter o cozimento correto e aí sim ele vai tá pronto.
(09:49) Quanto tempo ele fica aí dentro? mais ou menos até que esse processo se complete. Vai aproximadamente 3 horas. Se a máquina já tiver aquecida, um pouco menos, se não tiver aquecida, um pouco mais. Ela vai, quando iniciamos o processo, ela vai chegar na temperatura e pressão ideais e começa o processo. Nós temos a etapa mais importante que é exatamente a inspeção final.
(10:18) tem um profissional qualificado, treinado, que vai observar pneu a pneu se tudo foi conforme eh as especificações técnicas para que a gente tenha segurança no uso. Caron, é impressionante. É, você vai investir aproximadamente 1/3 do do custo de um pneu novo, mas se for a primeira recapagem e a aplicação correta, você chega a ter mais de 110% de entrega desse pneu.
(10:51) Quer dizer que o cara faz a recapagem, ele vai gastar bem menos do que o novo, mas ele vai ter um resultado melhor. Isso não é papo de vendedor, não, né, Álvaro? Não, não, não. Na verdade, isso é tão sério que é isso que viabiliza a utilização de pneus de boa qualidade, eh, para a para equacionar o custo das frotas, os custos do do próprio caminhoneiro quando é dono do seu próprio caminão.
(11:19) A recapagem hoje viabiliza o uso do pneu novo, viabiliza o custo de frete, viabiliza a produção. A gente acabou de ver que pneu reformado é mais econômico, ajuda o meio ambiente e quando feito com qualidade é também muito seguro. E essa nossa conversa não termina aqui, a gente continua junto no rádio e nas redes sociais, porque segurança é aqui com Garonce e agora é com você, Rquete.
(11:56) E você sabia que pneu recapado pode rodar mais do que pneu novo?