Trupe já em solo argentino, mas ainda no Brasil

Por Mauro Cassane
Editor do Portal

Os caminhões que vão correr a final do campeonato sul-americano da Fórmula Truck já estão em solo argentino. Mas não exatamente na Argentina. Parece estranho. Mas a explicação é interessante.

As carretas estão todas alinhadas no pátio da Mercovia, a empresa privada que ergueu uma ponte sobre o rio Uruguai, ligando São Borja/RS com Santo Tomé, na Argentina. E do outro lado do rio foi construído um pátio aduaneiro com jeitão de primeiro mundo.

A travessia que há séculos era feita com balsas, desde 1998 passou a ser feita por mais uma ponte internacional, uma espécie de ponte da amizade privada.

Do outro lado do rio, já em solo argentino, funciona o primeiro centro unificado de fronteira do Mercosul. Neste trecho, deram uma “empurrada” na linha natural que divisa os dois países para dentro da Argentina. Então, de um lado é jurisdição brasileira e, do outro, argentina. Tudo muito bem organizado, funcional e integrado.

O principal ganho desta empreitada é o tempo. Enquanto nas outras aduanas o tempo médio de espera para liberação de um caminhão é de 18 horas, neste espaço, com as aduanas operando conjugadas e com despachantes argentinos a 30 metros dos despachantes brasileiros, o tempo baixou para seis horas. Mão na roda para o circo da Fórmula Truck que precisa, sobretudo, de agilidade.

Para Altair Batista Félix, gerente operacional da Fórmula Truck, que faz uso da estrutura aduaneira da Mercovia pela terceira vez, a opção para entrar na Argentina via São Borja é exatamente por este ganho com o tempo. “Aqui o desembaraço é muito mais rápido e a estadia dos caminhoneiros bem mais confortável”, explica.

Depois da “puxada” do primeiro dia, de mais de 800 quilômetros, os motoristas que levam os caminhões “torpedos” pararam para uma breve noite de sono em Erechim/RS. Nossa equipe não agüentou o ritmo. Paramos antes, em União da Vitória/PR, a duzentos quilômetros de distância. É preciso ser caminhoneiro legítimo para suportar este pique de 11 horas de estrada.

Alcançamos a turma toda na aduana na quarta-feira (dia 24/08) à noite. Quando chegamos, eles já estavam se preparando para dormir. “A gente chegou às três da tarde”, conta Vignaldo Fizio, o piloto, quer dizer, motorista, do Stralis Pace Truck. Nossa equipe de reportagem, rodando no limite, chegou às nove da noite. Seis horas depois.

São 22 caminhões para fazer a aduana. Mesmo com toda a rapidez, nesta sexta-feira, dia 26/08, ninguém segue viagem. O pessoal vai sendo liberado aos poucos e, um a um, segue, sete quilômetros adiante, na minúscula cidade argentina de Santo Tomé, até um ponto de encontro. “Quando juntarmos todo mundo lá, os 22 caminhões, vamos sair em comboio”, conta Altair Félix.

A previsão é que o comboio saia às cinco da manhã de sábado. Será uma puxada e tanto: 850 quilômetros até Buenos Aires. “Se tudo der certo, chegamos à capital portenha às dez da noite”, estima o gerente operacional da Fórmula Truck.

Desta vez, para ir “na tocada” destes estradeiros, vamos pegar carona mesmo. Resolvemos nos dividir dentro dos caminhões. Como também preciso fotografar, e quero fazer tomadas de todo o comboio, escolhi viajar com o motorista/mecânico da Scuderia Iveco, Roberval Alexandre da Silva, o Neno, que leva os bólidos de Beto Monteiro e Paulo Salustiano, por um motivo de ordem prática: embora pesada, é a carreta que vai o tempo inteiro na frente.

Foto: Mauro Cassane

- Publicidade -