Os transportadores de cargas e de passageiros foram surpreendidos na manhã da última quarta-feira (6) com mais um reajuste no preço do óleo diesel. A Petrobras anunciou um novo aumento, agora de 5%, no preço de venda do diesel nas refinarias. Há pouco mais de um mês, no dia 30 de janeiro, a companhia já havia alterado o valor em 5,4%.
Para o presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), senador Clésio Andrade, o reajuste do óleo diesel nas refinarias terá impacto na inflação. “Cerca de 60% das cargas transportadas no Brasil são feita por caminhões, que consomem óleo diesel. Isso trará um impacto de 1,25% no custo do frete”, afirmou.
De acordo com estimativas da CNT, o valor do litro para o consumidor final deve aumentar aproximadamente 3,8%. O levantamento semanal da Agência Nacional do Petróleo (ANP) aponta que o litro do combustível foi comercializado, em média, a R$ 2,25 (comum) e R$ 2,32 (S-10), entre os dias 24 de fevereiro e 2 de março. Os novos valores seriam, por exemplo, R$ 2,33 e R$ 2,40, respectivamente.
Os gastos com combustíveis representam cerca de 35% do custo total das empresas de transporte de carga rodoviária e 25% do das empresas de transporte de passageiros rodoviários. Diante desses repetidos aumentos, há a possibilidade de pressão sobre a inflação, uma vez que o aumento no preço dos combustíveis leva a um aumento no preço do frete que, consequentemente, pode ser repassado aos produtos transportados.
Segundo avaliações da CNT, a correção de 5,4% no preço do diesel na refinaria em janeiro gerou um incremento médio de 4,31% por litro para o consumidor final, o que resultou em impacto de cerca de 1,5% no custo do frete.
Em 2012, a Petrobras realizou dois outros ajustes nas refinarias, de 6% e 3,94% respectivamente. Desses, apenas o primeiro onerou o consumidor (em torno de 4%). No segundo, o governo tornou a alíquota da CIDE igual a zero para mitigar os impactos negativos dos aumentos.
Em todos os casos, a Petrobras afirma que os reajustes buscam alinhar o preço dos derivados aos valores praticados no mercado internacional em uma perspectiva de médio e longo prazo.
Para o presidente da seção de Transporte de Cargas da CNT, Flávio Benatti, esses aumentos repentinos são sempre preocupantes. “Em pouco mais de um mês tivemos um aumento de quase 10% no óleo diesel, um insumo muito importante na cadeia. Vai haver um repasse [no valor do frete], não tem jeito. O problema é você tentar repassar para o mercado sempre que existirem esses aumentos repentinos. Agora nós estamos vendo que não há mais política [de governo] nenhuma. Acabaram com a CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) e agora o brasileiro, como um todo, está pagando a conta”, alerta.
Essa preocupação já havia sido alertada pelos dados da Sondagem Expectativas Econômicas do Transportador 2013, divulgada pela CNT na última semana. No estudo, 87,3% dos empresários entrevistados já demonstravam apreensão com uma nova alta.
(LT)
Fonte: Agência CNT de Notícias/ Foto: Divulgação