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Tecnologias permitem que motor de ciclo diesel funcione com etanol sem a necessidade de grandes adaptações no motor.
Localizada em Suzano (SP), a fábrica da química Clariant demanda uma intensa movimentação de isotanques de 25 mil litros dentro de suas dependências. A empresa possui programas de redução de emissões de CO2 entre suas políticas de sustentabilidade e uma das alternativas encontradas para cumprir metas estabelecidas foi trocar os caminhões que fazem esta logística por modelos menos poluentes.
Assim surgiu a ideia de replicar uma parceria já existente na Europa, e com a ajuda da Scania foi desenvolvido um projeto que tornou a Clariant a primeira empresa a utilizar caminhões movidos a etanol em operações industriais na América Latina. O detalhe é que os motores dos Scania P 270 4×2 que rodam com etanol são ciclo diesel.
O segredo para essa inovação está em duas tecnologias. Uma é um aditivo exclusivo fornecido pela Clariant, que faz com que o motor Euro 5 da Scania “acredite” que o etanol injetado é na realidade diesel. A outra é o processo Sunliquid. Ele permite a fabricação de etanol celulósico a partir de resíduos agrícolas, como palha de trigo e milho ou bagaço ou palha de cana, a partir de enzimas específicas à matéria-prima que dividem a celulose e a hemicelulose em açucares fermentáveis, aumentando o rendimento da produção de etanol. Com isso, a redução nas emissões na planta da Clariant em Suzano chegou a 91%, de acordo com uma consultoria independente contratada para fazer a medição.
“Adicionar valor com a sustentabilidade é um dos pilares estratégicos da Clariant”, explica Paulo Itapura, gerente de sustentabilidade da Clariant para a América Latina. “Nosso objetivo não era a economia de combustível, mas comprovar nossa tecnologia”, completa.
O motor possui poucas adaptações em relação ao que roda com diesel S-10. Emílio Fontanello, engenheiro de Pré-Vendas da Scania no Brasil, explica que “as mudanças são principalmente em peças que entram em contato direto com o combustível, como pistões, unidades injetoras e etc”. Apesar de ser uma solução mais viável em relação a outros projetos de motores de caminhão movidos a etanol, o rendimento em relação ao diesel ainda é inferior. de cerca de 58%.