Por Mauro Cassane
editor do Portal
Para se ter acesso às duas mais significativas novidades do novo Actros 2646 6×4, versão 2012, é preciso bascular sua ampla cabina e olhar no trem de força: logo salta à vista o motorzão de 456 cavalos com tecnologia BlueTec 5 (leia-se Euro 5) e a segunda geração da conceituada caixa de câmbio automatizada PowerShift G-330 de 12 velocidades.
Ao contrário de seus principais concorrentes, a cavalagem do motor não aumentou com a nova motorização (a versão anterior, Euro 3, também tinha 456 cv), mas comprovamos, na prática, que um dos mais completos caminhões aqui produzidos (sim, para quem ainda não sabe o Actros passou a ser montado na fábrica da Mercedes-Benz em Juíz de Fora, MG) tem potência sobrando para dar conta do literalmente pesado serviço das operações de transporte de longa distância.
Assista aqui ao vídeo com imagens exclusivas do nosso test-drive
Neste teste que fizemos com a configuração bi-trem, o cavalo-mecânico nem tomou conhecimento das 40 toneladas usadas como lastro. Em velocidade de cruzeiro, nos grandes retões, é possível manter 100 km/h com o giro do motor tranquilamente estável na faixa verde (média de 1.200 rpm), com pressão mínima no pedal do acelerador. Nesta situação o Actros funciona no esplendor de sua tecnologia. Ruído desconfortável só se você resolver tomar vento na cara. Com todos os vidros fechados se escuta apenas o rodar dos pneus e o trabalho harmonioso dos pistões no motor. É possível conversar em baixo tom ou simplesmente relaxar no conforto dos bancos e curtir o visual de uma altura privilegiada: sentado você fica a uns 3,3 metros de altura. Do asfalto ao teto o Actros tem 3,483 metros.
Considerando que a maioria dos itens tecnológicos do Actros 2646 já estavam disponíveis na versão Euro 3 cujo teste fizemos no dia 12 de setembro do ano passado (veja aqui), neste caminhão nos concentramos exclusivamente nos dispositivos novos. Fizemos diversos testes para avaliar a precisão dos engates, nível de conforto, respostas e rapides da nova caixa PowerShift da segunda geração. A nova G-330 merece menção honrosa pois surpreende por sua maciez (não dá trancos), silêncio e engates precisos, mesmo quando exigida para se fazer rápidas retomadas (como na simulação de uma ultrapassagem de emergência, por exemplo).
As quatro primeiras velocidades de marcha são bem pesadas, mas o condutor nem precisa ficar atento a elas, na opção automática é preciso apenas se manter atento às condições da estrada. O sistema faz as melhores opções de mudança partindo de uma leitura instantânea de topografia, velocidade, peso e potência. Não tem erro e este é, sem nenhuma dúvida, o modo mais econômico. A qualquer momento o motorista pode fazer sua intervenção e escolher o modo manual, bem como acionar o piloto automático. Mas isso já tinha na versão anterior e, quem conhece, sabe que facilita demasiadamente a vida dos motoristas. Tudo que tinha na versão anterior, importada, foi mantido.
A engenharia da Mercedes-Benz conseguiu melhorar o que já estava redondamente bom. Quando testamos o Actros 2646 no ano passado elogiamos a primeira geração do câmbio G-330. Andamos agora com a segunda geração deste câmbio automatizado e vale destaque ao sensor de inclinação de via que vai monitorando o relevo da pista e escolhendo, no ato, a melhor marcha para cada situação. A resposta rápida do sistema se traduz, no final de uma jornada de mais de mil quilômetros, em substancial economia de combustível. Para sua linha de extrapesados, inclusive o Axor, o câmbio automatizado é item de série de agora em diante.
A cabina continua Megaspace, como na versão anterior, é um dos aspectos mais admirados do Actros. Internamente continua com a mesma generosidade de espaço: o piso totalmente plano (não há outro piso igual) a altura interna é de 1,92 metro e a largura é de 2,26 metros. O conforto foi levado tão a sério que, além do ar condicionado normal, de série, há outro, que pode ser acionado à noite, durante o sono, ou mesmo em qualquer momento de repouso, com o motor desligado (um recurso que permite economia de combustível já que não é preciso ligar o motor para manter a cabina refrigerada).
Nem é preciso dizer o que motoristas e empresários sabem: conforto é o maior aliado da produtividade. Dirigir o Actros chega mesmo a ser prazeroso. O banco do motorista tem mais de uma dúzia de ajustes para o motorista achar sua posição mais confortável para dirigir. Um deles, item de luxo, dá uma boa aquecida no banco. Deve ser bem útil para os motoristas que encaram o polar inverno gaúcho ou o andino frio das cordilheiras. Afinal de contas é um extrapesado que, no dia a dia, vai se deparar com as mais variadas condições climáticas por toda América do Sul.
Rodando é possível notar a eficiência do conjunto de suspensão a ar do Actros 2646 que possui quatro bolsões por eixo. Nas curvas dá para sentir a segurança e, em estradas com pavimentação mais sofrível, o caminhão trafega com conforto e baixo ruído.
Por fora é o Actros de sempre com design arrojado e aquele jeitão de caminhão estiloso e moderno. Neste versão 2012 destacam-se os retrovisores externos com capa cromada, parassol bipartido, farois de neblina e a estrela Mercedes-Benz iluminada.
O empresário que investe em um caminhão deste nível sabe muito bem o retorno que espera ter com este produto. É o caminhão mais top do mercado nacional (considerando seus itens de série) que prima pela alta produtividade, segurança, economia e, acima de tudo, neste negócio, é um cartão de visita para quem quer operar em rotas logísticas de grande rentabilidade.
Foto: Divulgação/Mercedes-Benz