Despedida de um velho companheiro

Ao longo de 25 anos rodando pelo país para produzir o programa de TV Brasil Caminhoneiro, que sucedeu o Siga Bem Caminhoneiro, pudemos conviver com milhares de caminhoneiros. Conhecer seu trabalho, a dura vida do dia a dia do trecho, fazer amigos em cada recanto do Brasil. E claro, acompanhar suas alegrias, suas dificuldades, seus desejos. E ainda participar de tantas viagens com seus brutos nas estradas. 

Uma lembrança que não irá nos abandonar nesse trajeto que continuamos a fazer pelo Brasil, é a bela imagem dos grandes e resistentes Mercedes bicudos – o Mercedão por excelência, paixão de milhares de caminhoneiros. Essa história havia começado lá atrás, em 1989, com os caminhões da linha L 1214, depois o L 1618.  Até que em 2012 chegou o Atron. 

Somos testemunhas da importância que essa linha de caminhões, como o Atron,  representou para o desenvolvimento do transporte de carga no Brasil. Foram dezenas e dezenas de reportagens, em todo o país, com caminhoneiros orgulhosos de seus caminhões.  É interessante notar que os bicudões foram , sem dúvida, os  preferidos dos caminhoneiros autônomos. E eles tinham boas razões para essa escolha. Primeiro, sempre nos diziam que era um bruto bem resistente. Depois que o custo de manutenção era muito bom e que qualquer caminhoneiro antenado podia trabalhar no motor simples e de fácil acesso. 

Numa série de reportagens em Minas Gerais, em 2014, na áreas de mineração, o bicudo Atron era certamente o que a gente mais encontrava, sempre com caçambas pesadas de minério de ferro. 

Esse poderoso companheiro do trecho de tantos caminhoneiros vai deixar saudade. Aliás, essa saudade só não será maior porque os Atron ainda estarão no trecho por muitos e muitos anos.  Eles deixam de ser fabricados, por duas razões. A primeira é por causa da legislação brasileira, que define o tamanho do caminhão com a cabine incluída. O que significa que os bicudões tendem a levar menos cargas. Outra é que as novas propostas trazem mais tecnologia.  Mas de uma coisa temos certeza, os bicudões como o Atron ainda terão anos e anos de trabalho pela frente. E nunca deixarão de fazer parte de uma das mais importantes histórias do transporte de carga em nossas estradas. Nossa experiência nestes 25 anos de Brasil Caminhoneiro nos garante: a turma do trecho não vai esquecer, tão cedo, esses brutos que fizeram a vida e a emoção de tantos caminhoneiros. Como o Atron – o Mercedão bicudo.

 

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