Natureza bruta

por Fábio Rogério
da Redação do Portal

Sim, é aquela do “pônei maldito”, o fatídico comercial que era para atacar a concorrência e acabou colando na própria marca. Mas esqueça isso, pois o porte da Frontier SE Attack 4×4 Cabine Dupla intimida. Com seus 5,23m de comprimento, 1,85m de largura e 1,78m de altura (sendo 22 cm do solo ao chassi), a picape média da japonesa Nissan tem visual e desempenho que fazem jus ao nome da série. Mas é o “bote” do motor turbo diesel eletrônico de 2.5 litros de 16 válvulas que se torna decisivo para o motorista fazer a escolha “ame-a ou deixe-a”, pois na versão avaliada com direção hidráulica e transmissão manual de seis marchas, o conforto na condução não é um ponto forte. Agora quem gosta de carros resistentes, prefere “bater pino” em vez de “bocejar no automático” e pretende superar desafios em terrenos acidentados, ah… Faça um test drive e decida se o investimento de R$ 100.990,00 na versão 4×4 vale a pena.

Na fase de primeiras impressões, a troca manual de marchas e o acionamento da ré exigem um pouco de paciência e adaptação do motorista. Para testar a picape em diferentes terrenos, fiquei com a missão de percorrer, sozinho, os cerca de 150 quilômetros (ida e volta) entre as cidades de São Paulo e Santos, primeiro descendo do planalto para o litoral paulista, pela Rodovia dos Imigrantes.

“Neblina à vista”

Em uma segunda-feira à noite na estrada com pouquíssimo movimento, a Frontier Attack se mostrou silenciosa sobre o piso de asfalto. Com o giro do motor a 2.500 rpm, a picape cortava a pista sem fazer esforço dentro da velocidade permitida para a via (120 km/h) e com um nível baixíssimo de ruído no interior da cabine. Como recomendado pelo fabricante, a tração 4×2 (por meio de um botão rotativo, há as opções 4×4 e 4×4 com reduzida) absorvia bem os poucos impactos do solo e dava segurança na condução.

Attack na orla da praia de Santos/SP

A viagem seguia sem problemas quando, no trecho de interligação entre as rodovias Imigrantes e Anchieta, o topo da Serra do Mar foi invadido pela neblina. Com o tráfego represado pela Operação Comboio da concessionária Ecovias, a velocidade foi reduzida para 40 km/h e a viagem, infelizmente, caiu no ritmo urbano “Anda e para, primeira marcha, segunda marcha. Anda e para (…)”.

Com os faróis de neblina (de série) acionados, foi possível conferir outra boa qualidade da picape: a eficiência do sistema de iluminação. Sem ofuscar os veículos à frente, a descida prosseguiu lentamente até a entrada nos túneis, onde a neblina se dissipa por conta do sistema de ventilação.

Iluminação eficiente (inclusive na neblina)

Com uma temperatura externa perto de 14 graus, foi hora de testar outro item importantíssimo: o sistema de ar condicionado. Claro, ele é convencional. Mas o ar quente foi suficiente para aquecer o habitáculo, e demonstrou que daria conta de atender não só o motorista, mas também os quatro passageiros da Cabine Dupla.

Vencida a Serra, vem o trecho urbano de Santos. É preciso andar manso na cidade, pois as dimensões avantajadas do veículo não combinam com motoristas de automóveis e motociclistas que abusam da velocidade e insistem em fazer curvas sem acionar a seta.

Não foi preciso fazer uma freada brusca. Mas se fosse necessário, os freios (com ABS antitravamento e EBS – Distribuição Eletrônica de Frenagem) mostraram muita disposição para “ancorar” as três toneladas da picape. O sistema é composto por discos ventilados na dianteira, e tambores autoajustáveis com válvula sensível à carga na traseira.

Subindo a serra

Na volta à cidade de São Paulo, a subida de serra pela Imigrantes foi vencida novamente sem esforço pelo torque do sistema de tração. A 2.000 rpm são entregues 36,3 kgfm. As ultrapassagens eram feitas de maneira tranqüila, pois se eu chegasse a 4.000 rpm, contaria com os 144 cavalos de potência do motor – que nunca foram necessários pois as retomadas se concluíam com, no máximo, 2.800 rpm. Nessa hora, você nem irá se lembrar de “como um câmbio automático” é confortável, pois é na levada manual que a condução da Attack se torna mais divertida.

Um pequeno "trator"
Após um intervalo para o almoço em São Paulo, o destino agora eram as trilhas leves da Estrada Velha de Santos, próximas à cidade de Ribeirão Pires. No chão de terra, com o botão da tração devidamente colocado no 4×4, a Frontier Attack mostrou do que pode ser capaz. Passou por buracos e ondulações de pista sem tomar conhecimento. Nada atrapalhava a dirigibilidade, pois a aderência do veículo (aliados aos excelentes pneus Yokohama Geolandar A/T-S 255/70 R16) provou que a picape também é capaz de encarar desafios mais pesados.

Fotos: Mauro Cassane e Fábio Rogério

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