Stralis 460 NR: das rodovias para os autódromos

Colocando-se lado a lado um Iveco Stralis 460 NR e Iveco Stralis SI-12 (de “Scuderia Iveco 2012”), o caminhão de corrida da marca, a conclusão é imediata: a genética é a mesma, mas os caminhões são diferentes. E a razão é simples: enquanto um é projetado para puxar até 74 toneladas de carga com extremo conforto e baixíssimo consumo de combustível, o outro é preparado para andar a 250 km/h, fazer curvas em alta velocidade e vencer provas automobilísticas. As diferenças entre ambos, portanto, tornam-se enormes.

A começar pela potência do motor. Enquanto no Stralis NR 460 o motor Iveco-FPT Cursor 13 desenvolve 460 cavalos, no Stralis SI-12 a potência sobe para cerca de 1.200 cavalos. Esse aumento de potência se dá com uma preparação única, que começa com um sistema de injeção combustível/ar totalmente diferente, um turbo de maior capacidade e uma central eletrônica feita para atender as características de uma corrida e que privilegia o desempenho esportivo. As unidades injetoras e os bicos também são feitos sob medida. A cilindrada do motor também é maior: passa de 12,8 litros para 1,35 litros, com o uso de pistões e camisas especiais.

Outro diferencial é o peso. Um cavalo mecânico Iveco Stralis NR 4×2 pesa 7.500kg. Já o Stralis SI-12 pesa 4.500 kg. Eliminam-se três toneladas com diversas medidas. O chassi é cortado para reduzir o entre-eixos e eliminam-se algumas travessas. O cardan fica menor. A caixa de câmbio de seis marchas de corrida pesa 300 kg a menos que a normal de 16 marchas automatizada. No eixo traseiro somem 300 kg com carcaça do diferencial em alumínio, semi-eixos e cubos aliviados, freios a disco no lugar de tambores, etc. Não existe quinta roda o que diminui o peso em 200 kg. Todo o interior da cabine é descartado (painel, forração, vidros laterais, bancos etc). A bateria de corrida pesa 10kg, contra 80 kg das duas baterias do Iveco Stralis normal.

E como um caminhão de corrida tem de acelerar e não carregar peso, a suspensão traseira tem que acompanhar essa necessidade sendo muito aliviada. Só de molas parabólicas deixam de existir 400 kg, pois a maior parte do trabalho é feita por amortecedores especiais de competição, que permitem regulagem de curso e pressão e cuja missão é manter as rodas traseiras no chão para transformar toda a potência do motor em velocidade. Ainda falando em suspensão, o ângulo de abertura frontal das rodas dianteiras é regulável.

A estabilidade, claro, é fundamental num veículo de corrida. Isso exige mudanças, como na parte aerodinâmica. Na estrada o Iveco Stralis NR mais comum tem teto alto, para maior espaço e conforto interno. Já no Stralis SI-12 o teto é baixo, o pára-choque quase encosta no chão, há um aerofólio superior, a cabine tem extensões laterais para o direcionamento do ar, uma carenagem cobre o espaço entre as rodas e os pára-lamas traseiros tem spoilers incluídos.

Outras modificações relacionadas ao aumento de estabilidade do Stralis SI-12 são o rebaixamento do centro de gravidade. O motor fica a 10 cm do solo contra 30 cm de um caminhão normal. E o conjunto motor-transmissão é deslocado mais de 50 cm para trás de seu posicionamento original para melhorar a distribuição de peso entre os eixos. Os pneus são lixados para ganhar maior aderência.

Com todas estas alterações específicas, o Iveco Stralis SI-12 da Scuderia Iveco é um veículo feito para vencer corridas. E por isso sua missão é andar o mais rápido possível, levando seus 4.500 kg de peso a cerca de 250 km/h. Os freios também são especiais: disco duplo, com refrigeração a água. É possível até ver o vapor saindo das rodas nas frenagens mais duras.

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